Independente – Nacional
Nota 8,5
Por Marcos Garcia
O Nordeste do Brasil sempre foi um autêntico celeiro de ótimas bandas, e em todas as vertentes do Metal desde os longíquos anos 80, pois daqueles cantos, vieram (e ainda vêm) ótimos grupos. Sempre foi e sempre será assim.
O Encéfalo, quarteto vindo de Fortaleza (CE) e adepto de um Death/Thrash Metal bruto e sem muito espaço para firulas desnecessárias, embora não abra mão de boa técnica boa e uma pegada bem pesada, chega com seu primeiro álbum, fruto de muito esforço e sangue nos olhos, Slave of Pain, após seu Demo CD, Destruction (que inclusive se encontra disponível para download gratuito aqui).
Vocais insanos variando numa proporção 85% gutural e 15% rasgado, ótimos trabalho de guitarra em bases maçiças e pesadas, bem como em solos insanos (a marca de King/Hanemann é bem evidente, embora a personalidade seja bem clara, pois há noção melódica acentuada em sua execução), cozinha que faz banquete muito bem feito, com um tempero daqueles, pois é bem variada e intensa, pegando pesado seja nos momentos mais rápidos (que também não beiram superar a velocidade da luz), seja nos mais cadenciados. E a música desses sujeitos é bastante empolgante.
A produção sonora ficou em um nível satisfatório, apesar de poder ser melhor, pois apesar da crueza extrema, deixou o trabalho instrumental da banda bem na cara, pois podemos ouvir cada um dos instrumentos sem problema. A parte gráfica é bem legal, mas igual a sonora, poderia ser melhor, já que está ausente a ficha de produção e há algumas palavras nas letras que desaparecem. Mas levemos em consideração que há muitos discos idolatrados por aí que tem ambos os aspectos (visual e sonoro) feitos de maneira tão sofrível (e aceito por muitos fãs mais die hard) que aqui chega a ser um primor, e lembrando: este CD é fruto de uma vontade férrea, sem muito apoio externo, ou seja, é evidente que a banda se bancou. E quem vive no meio underground sabe como fazer algo no nível que vemos aqui é difícil.
Em termos de música, a banda mostra uma garra ímpar em um som bem personalidade, sendo destaques bem evidentes All the Hate in My Soul, bem trabalhada e ríspida, com alguns toques de Metal Tradicional aqui e ali (mais notadamente nos solos de guitarra), com ótima base rítmica; Emptiness Brain, onde as guitarras mostram bases empolgantes, bem como há bastante variação da base baixo-bateria, bem como as vocalizações são muito boas; a mais cadenciada Reactions, onde o baixo introduz a música e mostra um bom trabalho, em uma faixa com um clima anos 80 muito bom, onde esse batera mostra ser dono de boa pegada e técnica apurada; a variada, bruta e densa Despair; a avalanche de riffs bem feitos e peso de Nightmare, que leva ao banging com extrema facilidade; a intensa, mais candenciada e thrashy Destruction; e a variada e cativante The Last Gate, com mais um show das guitarras.
Um disco muito bom, e que mostra que, apesar das dificuldades, a força e vontade de fazer algo digno superam tudo.
Reactions
Tracklist:
01. Intro
02. All the Hate in My Soul
03. Empitness Brain
04. Reactions
05. Despair
06. Nightmare
07. Destroyer
08. My Own Way
09. Destruction
10. The Last Gate
11. Slave of Pain
Formação:
Álex Maramaldo - Vocal and Guitar
Lailton Sousa - Guitar
Augusto Filho - Bass
Rodrigo Falconieri - Drums
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