Century Media Records – Importado
Nota 10
Por Marcos Garcia
Constância versus Inovação é uma das grandes dicotomias existentes dentro do Metal atualmente, já que, de um lado, bandas que geraram o paradigma da ausência de mudanças em sua forma de fazer sua música, e criaram discos clássicos do estilo. Do outro, tempos bandas que, a cada lançamento, souberam (e sabem) evoluir e fazer trabalhos cada vez mais fantásticos, capazes de arrancar aplausos até dos críticos mais sisudos, e também criaram discos clássicos, e outras ainda, nessa mesma vertente, se perderam, ou seja, as mudanças foram tantas e tão radicais que as mesmas perderam qualquer tipo de identidade sonora com o seu passado.
Essa é uma equação difícil de ser desenvolvida em torno de uma solução única, digamos de passagem...
E ainda há aquelas que evoluem, mantendo suas raízes musicais intactas, e nos brindam com ótimos CDs, como é o caso do sueco Marduk, um dos nomes mais fortes e respeitados do Black Metal, que após 3 anos de espera, solta seu novo CD, Serpent Sermon, pela Century Media Records.
Desde que Legion saiu da banda, muitos fãs torcem o nariz para o trabalho do quarteto, em uma mostra de radicalismo desnecessário, já que Mortuus tem se mostrado um vocalista ao mesmo tempo agressivo e versátil, dando um sabor diferente ao som bruto da banda, e isso desde sua entrada, e a banda é sempre capitaneada pelo trabalho diferenciado de guitarras da parte de Morgan, um verdadeiro mestre em se fazer riffs fortes e ganchudos, daqueles que você ouve e não esquece mais, e isso tudo apoiado pela ótima cozinha rítmica de Devo e Lars, que se mostram ainda mais coesos e técnicos que no disco anterior.
Produzido pela própria banda, a sonoridade do disco é bem intensa e com doses de sujeira essenciais para o estilo bem postadas aqui e ali, mas ao mesmo tempo sem prejudicar o produto final que sai pelos falantes, deixando a música em um ponto em que se compreende cada instrumento e nuance da mesma, mas bruto e intenso, dando a impressão que a banda é uma autêntica máquina de guerra.
Estilisticamente, bem pouco mudou em relação aos discos anteriores, embora exista um pouco de sofisticação em meio a agressividade mais explícita, como na arrasadora Serpent Sermon, na curta Messianic Pestilence, com excelente vocalizações de Mortuus; na destruidora Souls for Belial (que tem vídeo oficial na internet), onde os riffs de Morgan estão afiadíssimos e cada vez mais grudentos, mesmos pontos fortes encontrados em Hail Mary (Piss-soaked Genuflexion). Há também músicas mais cadenciadas e aterrorizantes, como Temple of Decay, com urros apavorantes, bateria muito bem encaixada e bases de guitarra de deixar muito guitarrista com o queixo caído e nuances sonoras sutis muito interessantes; e World of Blades, onde Lars e Devo mostram ótimos trabalhos individuais em seus instrumentos, mas a guitarra de Morgan continua roubando a cena. E também há aquelas em que a velocidade não chega a ser muito exagerada e há variações rítmica muito boas, como a absurda M.A.M.M.O.N., um dos pontos altos do CD.
Realmente, falar em Marduk continua sendo sinônimo de grande qualidade, e quem andava meio desiludido com a banda, acho bom dar uma boa ouvida no CD, especialmente porque existe um bônus na edição limitada, que é Coram Satanae.
Souls for Belial
Tracklist:
01. Serpent Sermon
02. Messianic Pestilence
03. Souls for Belial
04. Into Second Death
05. Temple of Decay
06. Damnation's Gold
07. Hail Mary (Piss-soaked Genuflexion)
08. M.A.M.M.O.N.
09. Gospel of the Worm
10. World of Blades
Formação:
Mortuus – Vocais
Morgan Steinmeyer Håkansson – Guitarras
Devo – Baixo
Lars Broddesson – Bateria
Contatos:
www.facebook.com/mardukofficial