26 de jun. de 2012

Quando um gigante se ergue – Entrevista com o Woslom




Por Marcos Garcia

Foto:  Ricardo Zuppa

Sem sombra de dúvidas, um dos nomes mais fortes do Thrash Metal brasileiro no momento é o do quarteto Woslom.
Originários de São Paulo, e apesar de ainda estarem em seu primeiro CD, Time to Rise, a banda já mostrou sua potência sonora, bem como a força de sua música tanto em vários shows no Brasil quanto na Europa, de onde acabam de retornar de uma tour.
Aproveitando o momento, fomos bater um papo com ele e saber do passado, do presente e dos planos do futuro.

Metal Samsara – Bem, para começarmos a conversa, que tal nos contar um pouco de sua história? Sei que já falaram isso muitas vezes, mas é necessário, hehehe...

Francisco Stanich - Começamos a banda como a maioria... Eu e o Fernando estudávamos juntos na mesma escola, na mesma sala de aula e, com mais um colega de escola, resolvemos fazer umas jams, tocar alguns covers de nossas bandas preferidas, até que vimos que éramos uma banda (risos). Com isto começamos a fazer algumas composições e alguns shows em São Paulo, mesclando covers com som próprio. E com o tempo fomos ouvindo coisas novas, voltando nosso gosto ao Thrash Metal. Conforme fomos amadurecendo e tendo maior estabilidade em nossas vidas, vimos que estava na hora de tentar profissionalizar a banda. Foi quando decidimos gravar o álbum Time To Rise, durante as gravações tivemos a mudança de vocalista, fazendo com que o processo de gravação demorasse mais do que o previsto, mas em 2010 conseguimos lançar o álbum e aqui estamos nós divulgando este trabalho até hoje, fazendo shows pelo Brasil e Europa, que acabamos de voltar.


Metal Samsara – De onde veio o nome da banda? Sinceramente, corremos a internet e nada...

Francisco Stanich - Esta era a intenção, se procurar o nome na internet só vai dar a gente rs... Woslom é um nome inventado por mim, não existe. Na época do colégio o Fernando desenhou um símbolo que parecia um “W” e aí tivemos a ideia de ter um nome tendo este símbolo no começo e de ponta cabeça no final, aí comecei a inventar um monte de nomes que começavam com “W” e que terminava com “M”, até que disse WosloM, o Fernando gostou e acabou ficando rs...


Metal Samsara – Apesar de muitos terem dado o Thrash Metal como morto há alguns anos, o estilo continua trazendo ao mundo bandas novas e melhores, mas ao mesmo tempo, ainda existem aquelas que buscam aquelas sonoridades características dos anos 80. O que vocês acham disso, e como encaram esta busca pelo que está no passado?

Francisco Stanich - Não vejo muito problema com isto, pois o Thrash Metal é dos anos 80, e tem bandas que preferem seguir aquele tipo de sonoridade, mas também tem bandas que buscam fazer um Thrash mais moderno, é uma questão do que cada banda busca. Mas independente do tipo da sonoridade, as bandas não podem achar que irão viver o Thrash dos anos 80, aquela época é passado. Temos que viver o agora, viver o estilo nos dias de hoje.


Metal Samsara – Um dos pontos fortes das bandas brasileiras de Thrash Metal, como o próprio Woslom, o Andralls e o Ancesttral é a capacidade de fazer algo forte e cheio de vida dentro do Thrash Metal, sem soar datado. Poderiam nos dizer qual seria a razão para isso? 

Francisco Stanich - Estas três bandas que você cita tem características diferentes, mesmo fazendo Thrash. Somos brothers de ambas as bandas. No Woslom sempre pensamos em fazer algo que realmente seja forte, nós quatro somos grandes fãs de Thrash Metal e com isto tentamos ver o que realmente ficará bom no nosso som. E sendo fãs, nós primeiro fazemos a música para nós, se a música passar pela aprovação de todos na banda quer dizer que temos algo muito bom na mão rs... Não tem uma razão, apenas fazemos o que gostamos.


Metal Samsara – Falando um pouco do CD: Time to Rise veio ao mundo de forma independente, então, deve ter sido um daqueles partos bem difíceis, certo? Que tal contar como foi todo este processo? Que tal ter a banda na produção, e não seria mais simples ter um produtor trabalhando com vocês? E de onde veio a ideia de colocar o clip para Time to Rise como bônus?

Francisco Stanich - Com certeza foi bem difícil o processo. Na verdade a parte difícil foi a gravação, pois como disse anteriormente, trocamos de vocalista no meio das gravações. Já estávamos com quase tudo pronto e tivemos que praticamente refazer todo o álbum. Mas depois desta mudança, começamos a fazer cada etapa com muito planejamento, fazendo com que o lançamento não fosse sofrido como a gravação. Sobre a produção, nós mesmos escolhemos produzir o álbum e pelo visto o próximo álbum também será produzido pela banda, pois em nossa opinião, nada melhor do que a própria banda produzir, pois nós sabemos como é cada música e como deve soar no álbum e temos muitas ideias para por em prática ainda. Mas é claro que num futuro poderemos trabalhar com um produtor de fora. Não podemos descartar esta possibilidade. Sobre o clipe, foi uma ideia conjunta, queríamos ter algum bônus no álbum, e no caso tínhamos o clipe na manga.


Metal Samsara – Apesar de gravado no Brasil, o produto final acabou saindo bem melhor do que muitos discos vindos de fora, pois a energia e vitalidade do CD são absurdas. O resultado final satisfez você? E se pudessem voltar atrás, iriam mudar algo?

Francisco Stanich - Com certeza o resultado agradou a todos na banda. Mas foi um processo muito demorado, acho que não mudaríamos muita coisa, talvez tentaríamos gravá-lo num tempo mais curto.


Metal Samsara – Time to Rise já está há dois anos nas lojas, logo, como foi a recepção dele por parte do público, e como estão as vendas por agora? As resenhas foram todas bem positivas...

Francisco Stanich - A recepção foi a melhor possível, sabíamos que estávamos com um produto muito bom, mas superou todas nossas expectativas, só temos a agradecer o público e a mídia por todo apoio. As vendas, por se tratar de uma banda “nova”, de Thrash e independente estão ótimas, acima da nossa própria expectativa. Tanto as vendas em shows aqui no Brasil quanto lá fora foram excelentes.


Metal Samsara – Falando dos shows: como foram os que fizeram no Brasil após o lançamento do CD?

Francisco Stanich - Foram ótimos, tocamos muito para divulgar o álbum. Tocamos em lugares pequenos, grandes, em festivais, lugares vazios rs... Não importa a quantidade de pessoas, se tem uma pessoa ou mil, tocamos com a mesma energia. Tocamos nas Regiões Sul, Sudeste e Centro-Oeste. E tem sido maravilhoso, chegar em lugares que nunca imaginei ir e a galera pedir nossas músicas, pedirem pra tocar Time To Rise , Mortal Effect. É o feedback de que fizemos um bom álbum.

Metal Samsara – Tanto Time to Rise quanto Mortal Effect são clips ótimos e bem produzidos. Com eles, vocês alcançaram uma boa projeção, ou seja, eles atingiram os objetivos traçados pela banda?

Francisco Stanich - Hoje em dia por causa da velocidade de informação que a internet nos dá tudo é visual, com isto sabíamos que a gravação de um clipe era fundamental para a divulgação da banda e do álbum. E os clipes conseguiram atingir os objetivos, até mais do que poderíamos imaginar, na minha opinião foram o carro chefe de toda a divulgação do álbum.


Metal Samsara – Uma pergunta que não quer calar: quando sai o sucessor de Time to Rise, ainda mais que a banda fez alguns shows na Europa? Já possuem algo em vista nesse sentido?

Francisco Stanich - Já temos algo em vista sim, alias, na tour européia, trabalhamos bastante no novo álbum nos tempos livre. Não queremos dar uma data ainda, mas posso adiantar que já estamos em processo de composição, já temos bastantes ideias e agora é juntar tudo e ver o resultado.


Metal Samsara – E por falar nos shows no Velho Continente, como foi a acolhida da banda por lá? Comentem um pouco do que passaram por lá, tanto as aventuras quanto desventuras...

Francisco Stanich - Foi ótimo, fomos muito bem recebidos, bem acolhidos por todos. Se soubesse que seria assim já teria ido antes rs... Mas tem aquela lenda de que as bandas vão para lá e passam perrengues e tal, mas conosco não aconteceu isto, foi tudo ótimo, comemos do melhor, bebemos do melhor rs... Os shows foram ótimos, tocamos em alguns festivais de lá, como o Emmen, SWR Barroselas, foi ótimo, foram 40 dias, 25 shows em 10 países. E grande mérito desta tour devemos ao Xandão (Andralls) da On Fire Booking Agency. Estar em outro país e ouvir as pessoas pedindo para tocar tal música, gritarem o nome da banda é algo que nunca esqueceremos. Não vemos a hora de voltar pra lá!!!


Metal Samsara – Vocês embarcaram para esta tour na Europa após o fracasso do M.O.A., logo, chegaram a ouvir ou saber de algum comentário dos fãs europeus sobre o que se passou aqui? E agora vendo como é a cena por lá, qual seria o diferencial, a seu ver, que torna as coisas por lá um pouco melhores do que por aqui? O Brasil não teria condições de realizar um festival nos moldes do Wacken Open Air ou Hellfest?

Francisco Stanich - Na verdade quando tudo isto aconteceu no M.O.A. nós já estávamos na Europa. Por lá não ouvimos comentários sobre o ocorrido, pelo menos eu não ouvi nada, tudo que soube foi pela internet. Com certeza o Brasil tem potencial para fazer festivais deste porte, como já fez anos atrás, como exemplo as edições do Mosters Of Rock. Não posso opinar sobre o M.O.A., pois o Woslom não participou e estávamos viajando quando ocorreu. Mas aqui no Brasil temos que ter os pés no chão, precisamos fortalecer a cena aqui, tirar a ideia de sempre lucrar e lucrar a qualquer custo. Se o festival for bem planejado, feito de forma realmente profissional, com respeito ao publico e as bandas, o lucro será consequência. Mas na minha opinião a primeira coisa a ser feita seria um apoio maior para as bandas brasileiras, tem muita banda boa por aí, bandas novas com muita vontade de mostrar serviço, aí sim teremos uma cena forte.


Metal Samsara – O trabalho de assessoria de imprensa de uma banda sempre é um diferencial entre o sucesso ou ostracismo. Como é que vocês conceituam o trabalho da Metal Media? Estão plenamente satisfeitos com eles?

Francisco Stanich - Não é bem assim rs... Não é a assessoria de imprensa que irá fazer a banda estourar ou não, a assessoria faz parte de um conjunto de coisas que uma banda deve fazer e ter. Não adianta eu gravar um álbum regular, ter um show mais ou menos e achar que a assessoria vai fazer tudo funcionar, tem muito trabalho em paralelo que devemos fazer. A assessoria tem um papel importante de divulgar a banda, mas é a banda que tem que dar e fazer as notícias aparecerem para ser divulgada. Escolher a Metal Media como assessoria da banda foi um tiro certo que demos, de todas as que estávamos analisando ela foi a que escolhemos por todo o trabalho que eles fazem. Com certeza estamos muitos satisfeitos com eles, não poderíamos ter outra escolha.


Metal Samsara – Agradeçemos de coração pela entrevista, e deixamos o espaço aberto para suas considerações finais, bem como sua mensagem para os fãs e leitores do Metal Samsara.

Francisco Stanich - Nós que agradecemos a oportunidade de falarmos um pouco de nossa história, de nosso trabalho. E aproveitamos o espaço para convidar a todos a estarem dia 29 de Junho no Blackmore Rock Bar, será nossa única apresentação este ano em São Paulo. Será uma data para comemorarmos com nossos amigos e fãs todo o trabalho feito com o álbum Time To Rise. Será um show especial, onde tocaremos músicas com convidados de bandas amigas, tocaremos músicas do álbum e músicas do nosso projeto: Brazilian Underground Union Project. Será um show para encerrar este ciclo e iniciarmos o próximo. E para que não for de São Paulo, acessem nosso site www.woslom.com, lá tem a agenda da banda com os outros shows que faremos. Keep Thrashing!!!

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