O Metal Samsara tem a honra de postar uma matéria do grande amigo e escritor Júnior Frascá, que escreve no site irmão Whiplash, bem como tem a elevada estima e confiança de todos nós.
Que o Heavy Metal é um dos
estilos mais amados da música, ninguém duvida. Tendo sido forjado no final dos
anos 70, e atingindo seu auge na década seguinte, o Metal conseguiu angariar
uma legião de fãs fiéis, e criar alguma das bandas mais bem sucedidas da história
da música.
Nomes surgidos nesse período,
como Metallica, Iron Maiden, Black Sabbath, Ozzy, Judas Priest, Motorhead e Rush, por
exemplo, lotam estádios em todos os cantos do mundo até hoje, e possuem algumas
das turnês mais lucrativas já registradas. Há ainda outras bandas da mesma
época que não conseguiram o sucesso tão gigantesco, mas que também até hoje são
muito relevantes, como Slayer, Megadeth, Helloween, Anthrax, Exodus,
Candlemass, Saxon, Blind Guardian, Manowar, dentre tantas outras. E isso vale também
para o Hard Rock e para o Rock’n’Roll, com bandas até mais antigas, como Kiss,
AC/DC e Rolling Stones, que são gigantes até hoje.
Mas, como dito, a maioria
destas bandas já tem décadas e décadas de estrada, e (infelizmente, diga-se)
não são eternas, sendo que muitos dos fãs já se preocupam com o encerramento
das atividades da grande maioria de suas bandas favoritas, e se questionam se o
estilo irá persistir, mesmo diante do fim de seus maiores representantes.
E a única resposta que vejo
para esses questionamentos é: SIM, o estilo continuará firme e forte, senão
vejamos:
A morte do Metal já foi
conclamada por diversas vezes ao longo do tempo (em especial na década de 90),
com o surgimento de outros estilos músicas e modismos mais populares, mas que
na verdade não passaram de pequenas fases na história da música, sem qualquer
continuidade, e sendo altamente descartáveis. Mas mesmo diante de tudo isso, e
com alguns tropeços no caminho, o metal não só sobreviveu, como se manteve cada
vez mais forte.
Todos que estão antenados com
a fase atual do Heavy Metal, e conseguiram “evoluir” junto com o estilo,
deixando de lado o extremismo que entrava a cena, conseguem perceber que a
música pesada esta em uma de suas melhores fases, com diversas bandas
excelentes surgindo a cada dia.
É lógico que a evolução
tecnológica permite uma maior divulgação atual das bandas, mas é notório que
cada vez mais temos mais e mais lançamentos de grande qualidade invadindo o
mercado musical, com bandas ora inovadoras, ora tradicionalistas que, em sua
maioria, têm fortalecido cada vez mais o estilo. O ano de 2011, por exemplo,
trouxe uma quantidade absurda de excelentes lançamentos, e 2012 tem seguido o
mesmo ritmo.
Mas talvez porque a grande
maioria das “grandes bandas” do estilo ainda estejam na ativa, essas novas
bandas que vêm surgindo ainda não conseguiram alçar voos mais altos em suas
carreiras, pois muitos fãs ainda insistem em não prestar a devida atenção no
que há de novo na cena metálica, preocupando-se demasiadamente com o passado, e
com críticas pouco construtivas ao que há de novo.
Diversas das novas bandas tem
potencial para se tornarem gigantes (se tão gigantes como as que iniciaram o
movimento, acima citadas, só o tempo dirá), sendo que algumas fazem um som mais
vigoroso e moderno, como Machine Head, Lamb of God, Shadows Fall, Trivium e
Mastodon, e outras possuem uma sonoridade mais tradicional, como o Ghost, uma
das maiores revelações da música pesada dos últimos tempos. E esse processo de
crescimento das bandas é algo gradativo, e que demanda tempo, ou vocês acham
que Metallica e Iron Maiden, por exemplo, já surgiram gigantes?
E existem ainda diversas
outras bandas excelentes surgindo por ai, e recomendo apenas algumas destas
para que o leitor perceba o quão forte anda o metal ultimamente: Sister Sin,
Adrenaline Mob, Asking Alexandria, Havok, Huntress, Lazarus A.D., Municipal
Waste, Wisdom, Suicide Silence, Leprous, Amaranthe, H.E.A.T., Volbeat,
Steelwing, Dr. Living Dead, Hell, Savage
Messiah, Vektor, Black Water Rising, Evile, Warbringer, Fueled By Fire, Devil´s Train, Elm Street, Scars For Life, etc. E
não precisamos ir longe, pois o Brasil também tem gerado diversas excelentes
bandas, como Maestrick, Woslom,
Shadowside, Hibria, Decimator, Syren, Pastore, Coração de Herói, Hugin Munin,
Omfalos, Age of Artemis, Distraught, Violator, Andralls, Command6, Juggernaut,
dentre tantas outras bandas
fantásticas que abrilhantam e muito a nossa cena.
Assim, a verdade é que muitos
fãs da música pesada acabam sendo tradicionalistas e radicais demais para ver a
realidade, qual seja, que o estilo cresce e evolui a cada dia, junto com a
evolução tecnológica, que possibilita não só uma melhor qualidade de gravação,
como também uma maior divulgação de seus trabalhos.
Ademais, mesmo com a crise do
mercado fonográfico mundial, é possível perceber que os lançamentos de CDs,
DVDs e até LPs de bandas de Rock e Metal continuam a todo vapor, não havendo
indícios de que tal produção acabará em breve. E mesmo que acabe, creio que o
estilo se adaptará, trilhando seus caminhos cada vez mais forte, sempre com o
apoio incondicional dos fãs, que fizeram e fazem a história da música pesada
tão bela, pois, mesmo diante da constante pirataria e do surgimento do MP3,
continuam adquirindo os produtos de suas bandas favoritas e indo aos shows, que
é o que faz os artistas persistirem na luta, mesmo diante do total descaso da
grande mídia.
Em resumo, o que quero dizer
é: como o gosto pela música é algo muito subjetivo, não há como forçar gostar
de alguma banda ou sonoridade. Mas é necessário que os fãs encarem a nova fase
da música pesada, e ao menos tentem escutar as novas bandas, e não saiam por ai
falando que o estilo esta prestes de encontrar seu fim sem ao menos conhecer
suas novas tendências e as novas bandas que têm surgido. O que é novo
geralmente assusta, mas quando a qualidade de sobressai, tende a consolidar seu
espaço.
Portanto, meus amigos, é hora
de deixar o radicalismo de lado, abrir bem os olhos e perceber que o Metal
mudou sim, mas sempre mantendo intacta suas raízes transgressoras e agressivas,
e segue firme e forte cada vez mais, e está muito longe da morte, como desejam
alguns, mesmo diante do fim eminente de algumas de suas maiores ícones. E como
diz o provérbio, “o pior cego é aquele que não quer ver”...