2016
Nacional
Nota: 10,0/10,0
Texto: Marcos "Big Daddy" Garcia
Fugindo de sua longa tradição, o Brasil tem sido varrido por
amontoados de música descartável nos últimos anos.
Este movimento começa em meados da década de 90, e tem se
estendido até a atualidade. Infelizmente, o populismo que permeia a política do
país se enraizou na música, e para os que preferem algo com qualidade sofrem
martírios ao ligarem TV ou rádio.
Mas como o que é bom resistem às intempéries modistas, o
Brasil também se mostra um produtor de ótimas bandas de Rock em todas as suas
vertentes. E no Rock Progressivo, temos no quarteto carioca BLUE MAMMOTH um de
seus grandes representantes em nosso país. E felizmente, para os ouvidos mais
exigentes, eis que eles retornam com seu segundo álbum, "Stories of a
King".
Em relação ao disco de estréia, "Blue Mommoth" de
2011, o trabalho do grupo está mais coeso, mais sólido. Mas não se preocupem,
pois aquela sonoridade rebuscada, muito influenciada por gigantes do gênero
como GENESIS, YES e JETHRO TULL continua a mesma, bonita e elegante, mas
existem toques modernos que fogem um pouco ao estilo, algo herdado do Prog
Metal. Mas não destoa, pois o trabalho do grupo é incrível, uma experiência
etérea e maravilhosa de ser experimentada.
Em termos de qualidade sonora, "Stories of a King",
podemos dizer que o disco foi um parto para ser feito, fora os problemas com a
saída do guitarrista César e a entrada de Vinícius. Mas mesmo com tudo isso, a
banda conseguiu uma qualidade sonora de primeira, estando bem claros cada um
dos elementos que compõem sua música. E mesmo alguns timbres mais modernos aparecem
nas guitarras vez por outra.
A arte da capa é maravilhosa, algo de belo e que transmite
as idéias conceituais das letras do disco, mas sem deixar de ligar a obra ao
grupo.
Vocais de primeira, linhas de teclados e guitarras excelentes,
baixo e bateria mostrando-se coesos e com bom nível técnico, fora momentos com cellos
e flautas. E tudo isso com uma dinâmica bem diversificada, com arranjos sempre
técnicos, e em alto nível. Se a palavra "fantástico" pode definir o
trabalho de uma banda, realmente o BLUE MAMMOTH merece.
Em dez músicas, a banda desfila um trabalho que supera as
expectativas, que vai adiante de certas limitações e fronteiras. Podemos dizer
que a banda faz Rock Progressivo atualizado, ou seja, tem toda a vibração e
técnica dos anos 70, com aquela atmosfera etérea, mas ao mesmo tempo não nega o
presente, e caminha para o futuro de peito aberto.
É interessante ver que a banda não tem uma música
gigantesca, algo comum ao estilo, mas mesmo assim, cada canção é preciosa e
mostra algo belo.
Se vocês desejam algumas faixas para mera referência do
leitor, podemos indicar "The Endless Road" e seu belíssimo trabalho
vocal assentado em uma base instrumental bem diversificada, a mais moderna e
pesada "Children's Fear" (com um trabalho de guitarras e baixo muito
bom, trazendo o peso e modernidade do Prog Metal para o trabalho do grupo,
embora os vocais temperem a música com aquele jeitão setentista), a linda e
introspectiva "Lonely Flight" e seus arranjos de teclados e uma
bateria muito bem postada, a envolvente "Nobody's Hero" (mais uma
vez, os teclados se sobressaem muito bem, fora um solo muito bom), a pesada "The
Reign" e seus arranjos instrumentais mais voltados para o Prog Metal (se
sobressaindo mais uma vez baixo e bateria), e a emotiva "Wrong Ways"
(que mesmo com momentos mais pesados, mostra forte dose de emoção e boa dose de
acessibilidade musical, sem, no entanto, perder a qualidade).
E é interessante citar que cada letra conta a história de um
personagem, contadas sob o ponto de vista de um narrador (no caso, o próprio
quarteto), que nos leva a contemplar cada momento da vida, com seus altos e
baixos, e talvez vermos as nossas próprias vidas ali.
Um disco marcante, e que pode ser tornar um futuro clássico
do gênero por aqui.
Longa Vida à música de qualidade!
Longa Vida ao BLUE MAMMOTH!
Músicas:
1. The
Endless Road
2.
Children's Fear
3. Lonely
Flight
4. Flying
Free
5. Nobody's
Hero
6. Perfect
Dream
7. The
Reign
8.
Reflections of Death
9. Wrong
Ways
10. Waiting
Room
Banda:
Andre Micheli - Teclados, vocais
Vinicius Dantas - Guitarras, backing vocals
Julian
Quilodran - Baixo, cello, flauta, backing vocals
Thiago Meyer - Bateria, percussão, backing vocals
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