7 de dez. de 2014

Sixty-Nine Crash – Louder! (CD)

Independente

Nota 10,0/10,0

Por Marcos "Big Daddy" Garcia


Na história do Metal, e mesmo do Rock’n’Roll como um todo, sempre existiram discos que demoram em serem lançados. Alguns deles, como “Chinese Democracy”, demoraram tanto e criaram tantas expectativas que foram fiascos completos. Mas sempre existem surpresas ótimas e agradáveis, como o quarteto carioca SIXTY-NINE CRASH, que após uma espera de quatro anos, solta “Louder!”, seu primeiro álbum.

Antes de tudo, “Louder!” é um disco feito para fãs de um bom Hard Rock/Sleaze Rock mais bem feito e visceral, mas com acessibilidade musical clara, algo que nos lembra bastante os áureos e ótimos tempos da Sunset Strip Boulevard na década de 80, onde bandas como MOTLEY CRUE, RATT e outros surgiram e governavam absolutos. E é justamente esta carga de Hard’n’Roll com boa dose de peso e melodia que está presente no trabalho do grupo, com aquela pegada grudenta e refrões de fácil assimilação, em um trabalho ótimo de vocais melodiosos (que fogem ao modelo de Vince Neil/Axl Rose que domina bastante no Brasil), riffs de guitarra extremamente ganchudos, solos mais econômicos (nada de extremamente técnicos), mas excelentes, baixo e bateria com peso e boa técnica. E sim, é farofa, plumas e paetês, e justamente por isso é excelente!

Sixty-NIne Crash
A qualidade sonora ficou muito boa, limpa, clara e alta, com cada um dos instrumentos com seus devidos timbres, e sem que eles se embolem. Mas isso reflete como a banda sabe não exagerar e ser quase que um “show ao vivo” em estúdio. Belo trabalho de Celo de Oliveira, diga-se de passagem. Na capa, bem simples, apenas o logotipo do quarteto, deixando que a música dite as regras.

Em termos de composição, o SIXTY-NINE CRASH usa e abusa de sua criatividade, buscando fugir tanto da escola extrema que impera no Brasil há anos, e justamente seguindo o caminho do Hard Rock/Sleaze Rock, eles se sobressaem pelo talento, com músicas bem arranjadas, sem rebuscar na técnica, e sabendo ser mais pesados e mais melodiosos quando a música exige.

O CD abre com o hino Hardoso “Running Wild in the Night”, furioso e ganchudo, com belos arranjos de guitarra e excelentes vocais, mais um ótimo refrão daqueles que ficam na mente por dias. Seguindo, temos a raçuda e acessível “Lost in the Darkness”, outra com ótimos vocais e um trabalho ótimo de baixo e bateria, e novamente um refrão que se sobressai. Já “Louder!” tem arranjos mais pesados nas guitarras, mas sem que se perca a aura ganchuda do grupo, e é impossível não sair cantando o refrão depois da primeira ouvida. A tradicional balada “Back Again” já chega refrescando os ouvidos, provando que o gênero realmente tem um digno sucessor no grupo. Mais peso ganchudo surge em “Wicked”, que tem contornos à lá KISS da fase Hard Rock explícitos em certos, novamente com vocais mais macios e viciantes. “Scream’n’ Shout” é sinuosa, extremamente ganchuda e vibrante, um típico Hard’n’Roll cheio de riffs excelentes e bateria cheia de energia. E por falar em energia, é o que temos na mais cadenciada e pesada “Everything I Need”, que ainda tem um toque bem acentuado de AOR. A mais pesada música do CD é “Dead Inside”, mas sem que o clima mais alto astral e acessível seja quebrado. “Wasted in Dreamland” é outro Hardão ganchudo e com doses certinhas de peso e melodia, capaz de fazer com que múmias paralíticas mexam os esqueletos. Fechando o play, vem “Run Away”, uma música que realmente tem muito de AOR, a mais acessível de todas, e justamente por isso que é tão boa, mostrando outra faceta do quarteto.

O SIXTY-NINE CRASH se mostra um grupo valente, por ser capaz de remar contra a maré em um país essencialmente extremo, mas que cada vez mais vem abrindo as portas ao renascimento do Hard. E que, aliás, merece mais e mais bandas assim.



Músicas:

01. Running Wild in the Night
02. Lost in the Darkness
03. Louder!
04. Back Again
05. Wicked
06. Scream’n’Shout
07. Everything I Need
08. Dead Inside
09. Wasted in Dreamland
10. Run Away


Banda:

Jay B Roxx – Vocais, guitarras
Davis Ramay – Guitarras 
Andy C. – Baixo 


Contatos:

Site oficial (em construção)

Unmasked Brains – Machina (CD)

Independente
Nota 10,0/10,0

Por Marcos "Big Daddy" Garcia



Existem momentos em que podemos ver claramente que o Metal como um todo está em constante mutação, se renovando e se preparando para novos tempos e desafios. Sim, já que a criatividade humana, em qualquer área que seja, continua sempre em uma caminhada para o futuro. O passado serve como aprendizado, o presente é o momento da criação (ou mesmo da reciclagem de idéias), e o futuro assim se torna promissor. E é sempre um prazer ver bandas brasileiras ousando quebrar regras e fugir de modelos, como o quarteto carioca UNMASKED BRAINS teima em fazer, e em seu primeiro Full-Length, o excelente “Machina”.

Antes de tudo, a banda executa um Thrash Metal extremante personalizado, graças à fluência musical mais eclética de seus integrantes, que ganha merecidamente a alcunha “AllMetal”, ou seja, jogam tudo no liquidificador para criar algo novo e surpreendente. Vocais excelentes, guitarras ferozes e ecléticas, baixo e bateria não só firmes na base rítmica, mas criativos, muito pesados e técnicos. Descrever o trabalho da banda em simples palavras não é algo realmente simples de ser feito.

Como o trabalho do quarteto foge completamente do convencional, a ficha de produção é bem extensa, envolvendo vários profissionais, então, basta dizer que o trabalho de cada um dos envolvidos valeu o tempo investido: sonoridade perfeita, limpa e agressiva nas medidas certas, permitindo que toda riqueza instrumental do grupo seja ouvida em sua plenitude.

Unmasked Brains
No aspecto artístico/visual, mais um ponto positivo. A arte feita por Jobert Mello (da Sledgehammer Grafix) é algo belo e bem assentado sobre o conceito visual do grupo, e com o conceito que a banda usa, ao mesmo tempo em que usa algo da arte de H. R. Giger influencia a capa. E o encarte tem um layout elegante e bem feito.

O quarteto mostra que a definição “AllMetal” não é algo leviano ou estratégia de marketing, mas uma realidade em um trabalho muito bem feito. Arranjos dinâmicos e ecléticos (algumas passagens de ritmos não convencionais ao Metal se fazem presentes), músicas sempre interessantes, andamentos variando na medida certa, melodias e vocais sempre muito bem assentados... Realmente, apreciar “Machina” é uma descoberta nova a cada audição. E ainda temos a presença de Sigried Buchweitz nos backing vocals em algumas faixas.

Musicalmente, “Machina” é um disco muito bem feito, as composições são bem espontâneas e acabam nos pegando pelos ouvidos, bastando ouvir canções como “Numbers” e perceber as incursões jazzísticas em meio aos riffs Thrash, ou a mais cadenciada “The New Order of Disorder” e sua energia mais cadenciada, com ótimos vocais e bateria mostrando ótima técnica. “A Máquina”, cantada em português, apresenta riffs excelentes (com ótimas melodias), baixo e bateria fazendo um trabalho fantástico, e vocais ótimos. Em “Cloistered Life”, uma faixa mais abrasiva e raivosa, existe um insert de Chorinho, mas muito bem encaixados sob riffs insanos e solos fantásticos. Já “Lost Control”, outra faixa bem trabalhada e agressiva, surge a clara influência do Thrash Metal americano, um jeitão forte e melodioso sob a agressividade declarada, com excelentes riffs e solos mais uma vez. A longa “Controversies of the War” é cheia de quebradas de ritmo em seu início, mas logo ganha uma roupagem mais Thrasher, mas cheia de arranjos extremamente ecléticos. “Little God Ivory” começa mais ríspida e agressiva, solos que deixam muitos guitarristas de boca aberta, fora baixo e bateria mostrarem um trabalho forte e excelentes backing vocals. Em “Life Has no Meaning”, temos uma faixa um pouco mais comportada que o geral, novamente com a base rítmica dando um show de peso e técnica. E fechando, o hino “Corrupt”, com alguns elementos percussivos mais tribais no início, mostra-se mais melodiosa e agressiva nas medidas certas, com insert de Música Clássica, e é uma pedrada em todos os sentidos (a própria letra trata da corrupção, mas no âmbito mais geral. Ou seja: não reclame do governo, do poder, da polícia, da escola, se você mesmo), fora a interpretação vocal plena de ironia.

Um excelente disco, que pode ser baixado gratuitamente no site da banda, mas que merece a cópia física em casa.




Músicas:

1. Numbers 
2. The New Order of Disorder
3. A Máquina
4. Cloistered Life
5. Lost Control 
6. Controversies of the War
7. Little God Ivory
8. Life Has no Meaning
9. Corrupt


Banda:

Reinaldo Leal - Vocais, guitarras
LGC – Guitarra solo, violão, piano, cordas, backing vocals
Denner Campolina – Baixo, baixo acústico, backing vocals
Elcio Pineschi – Bateria 


Contatos:

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Wargods Press (Assessoria de Imprensa)