Nota 10,0/10,0
Por Marcos "Big Daddy" Garcia
Por Marcos "Big Daddy" Garcia
Na história do Metal, e mesmo do Rock’n’Roll como um todo, sempre existiram discos que demoram em serem lançados. Alguns deles, como “Chinese Democracy”, demoraram tanto e criaram tantas expectativas que foram fiascos completos. Mas sempre existem surpresas ótimas e agradáveis, como o quarteto carioca SIXTY-NINE CRASH, que após uma espera de quatro anos, solta “Louder!”, seu primeiro álbum.
Antes de tudo, “Louder!” é um disco feito para fãs de um bom Hard Rock/Sleaze Rock mais bem feito e visceral, mas com acessibilidade musical clara, algo que nos lembra bastante os áureos e ótimos tempos da Sunset Strip Boulevard na década de 80, onde bandas como MOTLEY CRUE, RATT e outros surgiram e governavam absolutos. E é justamente esta carga de Hard’n’Roll com boa dose de peso e melodia que está presente no trabalho do grupo, com aquela pegada grudenta e refrões de fácil assimilação, em um trabalho ótimo de vocais melodiosos (que fogem ao modelo de Vince Neil/Axl Rose que domina bastante no Brasil), riffs de guitarra extremamente ganchudos, solos mais econômicos (nada de extremamente técnicos), mas excelentes, baixo e bateria com peso e boa técnica. E sim, é farofa, plumas e paetês, e justamente por isso é excelente!
Sixty-NIne Crash |
Em termos de composição, o SIXTY-NINE CRASH usa e abusa de sua criatividade, buscando fugir tanto da escola extrema que impera no Brasil há anos, e justamente seguindo o caminho do Hard Rock/Sleaze Rock, eles se sobressaem pelo talento, com músicas bem arranjadas, sem rebuscar na técnica, e sabendo ser mais pesados e mais melodiosos quando a música exige.
O CD abre com o hino Hardoso “Running Wild in the Night”, furioso e ganchudo, com belos arranjos de guitarra e excelentes vocais, mais um ótimo refrão daqueles que ficam na mente por dias. Seguindo, temos a raçuda e acessível “Lost in the Darkness”, outra com ótimos vocais e um trabalho ótimo de baixo e bateria, e novamente um refrão que se sobressai. Já “Louder!” tem arranjos mais pesados nas guitarras, mas sem que se perca a aura ganchuda do grupo, e é impossível não sair cantando o refrão depois da primeira ouvida. A tradicional balada “Back Again” já chega refrescando os ouvidos, provando que o gênero realmente tem um digno sucessor no grupo. Mais peso ganchudo surge em “Wicked”, que tem contornos à lá KISS da fase Hard Rock explícitos em certos, novamente com vocais mais macios e viciantes. “Scream’n’ Shout” é sinuosa, extremamente ganchuda e vibrante, um típico Hard’n’Roll cheio de riffs excelentes e bateria cheia de energia. E por falar em energia, é o que temos na mais cadenciada e pesada “Everything I Need”, que ainda tem um toque bem acentuado de AOR. A mais pesada música do CD é “Dead Inside”, mas sem que o clima mais alto astral e acessível seja quebrado. “Wasted in Dreamland” é outro Hardão ganchudo e com doses certinhas de peso e melodia, capaz de fazer com que múmias paralíticas mexam os esqueletos. Fechando o play, vem “Run Away”, uma música que realmente tem muito de AOR, a mais acessível de todas, e justamente por isso que é tão boa, mostrando outra faceta do quarteto.
O SIXTY-NINE CRASH se mostra um grupo valente, por ser capaz de remar contra a maré em um país essencialmente extremo, mas que cada vez mais vem abrindo as portas ao renascimento do Hard. E que, aliás, merece mais e mais bandas assim.
Músicas:
01. Running Wild in the Night
02. Lost in the Darkness
03. Louder!
04. Back Again
05. Wicked
06. Scream’n’Shout
07. Everything I Need
08. Dead Inside
09. Wasted in Dreamland
10. Run Away
Banda:
Jay B Roxx – Vocais, guitarras
Davis Ramay – Guitarras
Andy C. – Baixo
Contatos:
Site oficial (em construção)