Encore Records
Nota 10,0/10,0
Por Marcos "Big Daddy" Garcia
O Brasil é cheio de bandas icônicas. Basta falar o nome de alguma delas, e sua sonoridade característica logo nos toma os sentidos, já que existem aqueles que possuem uma personalidade musical tão forte que a menção a seus nomes é honrosa e cheia de méritos. E por isso, é um enorme prazer poder resenhar "Before The end", novo disco do LIAR SYMPHONY, quinteto de Guarulhos (SP), que acaba de sair pela Encore Records. E como é prazeroso ouvir um disco desse nível.
Antes de tudo, é bom que se diga que o trabalho do quinteto deu uma bela evoluída, pois aquele Heavy Metal tradicional técnico e elegante volta um pouco mais seco, agressivo e moderno, com uma pegada bem pesada. Mas não se enganem: o grupo continua com a mesma identidade de antes, apenas preparado e revigorado para novos tempos e desafios. Nuno continua cantando em alto nível, sabendo variar bastante entre seus tons mais agressivos e graves com outros mais altos; as guitarras de Pedro estão com excelentes riffs, bem envolventes e que grudam em nossos ouvidos, além de solos bem feitos e com bom nível de técnica e melodia; os teclados de Alécio se encaixam perfeitamente, tanto como base como em orquestrações muito bem feitas; o baixo de Marcos é preciso, firme na marcação rítmica, e vibrante em muitos momentos onde se sobressai; e a bateria de Anderson é excelente, tendo aquela pegada pesada e técnica nos bumbos e baquetas, chamando para si a responsabilidade de guiar os andamentos da banda. E meus caros, a mistura que esses cinco criam é algo maravilhoso, vibrante, pesado e envolvente demais, com belos momentos e ótimos refrões (onde os backings são muito bem postados).
Liar Symphony |
A produção de Pedro Esteves (que ainda fez mixagem, masterização e cuidou de toda engenharia de som) é ótima e esmerada, sabendo posicionar cada instrumento em seu devido lugar, sem que os instrumentos se sobreponham, e com boa escolha de timbres (se bem que é sensível que estes são timbres bem próximos do que o grupo faz ao vivo sem problemas). Dárcio Nunciatelli fez uma linda capa, enquanto o encarte e o layout é de Nuno Monteiro, com gravuras que vão de encontro ao teor lírico de cada uma das faixas do CD (e digamos de passagem: a banda tem mensagens muito boas a transmitir).
Um dos aspectos mais interessantes de "Before The End" é que as músicas são longas, sempre passando dos quatro minutos, o que no caso do LIAR SYMPHONY é pouco, uma vez que a versatilidade musical e a dinâmica de arranjos do grupo é bem rica, fazendo que mesmo as mais longas passem como se fosse um simples estalar de dedos. O grupo mostra que consegue fundir um trabalho musical pesado e técnico com maestria.
Temos 11 faixas excelentes, mostrando que o hiato entre "Choose Your Side" de 2005 e "Before The End" (já que "Choosing the Live Side" e "Acoustic, Alive, In Studio" são discos ao vivo, com o segundo sendo acústico) ajudaram a banda a dar uma bela amadurecida a mais em sua música. "Welcome" abre o disco com belos arranjos de teclados e riffs fortes, para então se transformar em uam canção forte, pesada e com boa pegada técnica, com vocais e refrão vibrantes. Em "Self Destruction", temos uma canção excelente e perfeita, com excelentes backing vocals em um refrão maravilhosamente envolvente e mais uma vez com belo trabalho de guitarras (especialmente nos solos). Peso e cadência se unem à elementos etéreos em "Sleeping Dead", outra com refrão memorável e com destaque para baixo e bateria, que estão perfeitos, fora as incursões de teclados bem eletrizantes. Mais energética e agressiva é "The Fool", especialmente pelo trabalho dos vocais que ficaram mais secos. Em "Waste Land", surge aquela famosa semi-balada climática e bela, com algumas partes ótimas de backing vocals, fora a bela interpretação de Nuno. A bateria rouba a cena na mais técnica e pesada "Digital Living", com um andamento forte e muito boas incursões de teclados e guitarras. "After Years" é outra canção mais pesada, ganchuda e seca, com uma pegada mais agressiva, ressaltando bastante o trabalho das seis cordas mais uma vez, mas se repararem direitinho, perceberão que os teclados dão um sabor muito especial à canção. "When the Sun Light Dies" tem uma pegada um pouco Prog, só que bem mais seca e ríspida, sem destruir a elegância sonora da banda os as preciosas melodias, exaltando-se mais uma vez o refrão, e esses mesmos elementos surgem em "Born Again", esta apenas com maior enfoque melódico. Já "Where the Wind Blows To" é uma balada melodiosa, cheia de grandes participações dos teclados, e podemos ver que as vocalizações sabem muito bem se adequar a estes momentos mais amenos. "Prisionier in the Mirror" é uma faixa bem dinâmica, com momentos que variam da agressividade até outros mais etéreos e progressivos, mas sempre mantendo o nível musical e de interesse do ouvinte bem alto. E fechando, "The Lament", uma instrumental curtinha e climática, com fundo de teclados e violão acústico (pelo que aparenta), dando aquela sensação gostosa que nos faz dar um infinito "repeat" no CD.
Um disco maravilhoso, perfeito, indicado para os fãs de todos os gêneros, e o melhor de tudo: o LIAR SYMPHONY é daquelas bandas que tem muito o que dizer, logo, aproveitem as letras e a excelente música do quinteto.
Tracklist:
01. Welcome
02. Self Destruction
03. Sleeping Dead
04. The Fool
05. Waste Land
06. Digital Living
07. After Years
08. When the Sun Light Dies
09. Born Again
10. Where the Wind Blows To
11. Prisionier in the Mirror
12. The Lament (instrumental)
Banda:
Nuno Monteiro - Vocais
Pedro Esteves - Guitarras
Marcos Brandão - Baixo
Alécio Rodrigues - Teclados
Anderson Alarça - Bateria
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