25 de jul. de 2017

Precisamos falar sobre Suicídio e Depressão


Por Samantha Feehily (postado no site Wonder Girls BR em 24/07/2017)


O suicídio é um problema de saúde pública global que atinge todas as faixas etárias que acontece com frequência em todos os países e por diferentes razões.

Um estudo divulgado pela Organização Mundial da Saúde (OMS) revelou uma realidade chocante no Brasil: 32,3 casos de suicídio são registrados por dia no país, isto representa uma média de mais de uma morte por hora.

A ideia de que o ato tem relação com doenças mentais, como depressão, por exemplo, é consolidada. Entretanto outros fatores que podem contribuir para que uma pessoa recorra ao ato. De acordo com a OMS, muitos suicídios acontecem em momentos de crise com o enfraquecimento da habilidade de lidar com os problemas da vida, como problemas financeiros, fins de relacionamentos amorosos, dores crônicas e doenças.

Em países de alta renda, o grupo mais vulnerável é o de homens com mais de 50 anos. Já em países de baixa ou média renda, o foco está em mulheres com mais de 70 anos e jovens adultos, entre 15 e 29 anos.

A Organização Mundial da Saúde lembra que a prevenção é possível. E uma das medidas mais eficazes, diz o estudo, é a restrição ao acesso aos principais meios de suicídio, como armas e pesticidas. O primeiro levantamento global sobre o tema realizado pela OMS aponta também que os principais métodos utilizados em todo o mundo são envenenamento, enforcamento ou armas de fogo.

Já perdemos, entre tantos, Robin Williams, um grande ser humano e ator (Uma Babá quase perfeita e Uma Noite no Museu entre outros filmes). Robin Williams tirou sua vida depois de anos de luta contra depressão, mania, alcoolismo e abuso de substâncias.

E na semana passada o vocalista do LINKIN PARK, Chester Bennington foi encontrado morto. O cantor de 41 anos se enforcou em sua casa, em Los Angeles. Chester era casado e deixa seis filhos. O cantor lutou contra o vício de drogas e álcool por anos. Em entrevistas, ele havia dito ter considerado o suicídio no passado, após ter sido abusado na infância. Chester era amigo próximo do cantor Chris Cornell, que cometeu suicídio em maio.

Tragicamente os sentimentos de desesperança que podem acompanhar a depressão levou a melhor sobre eles. Sua morte é mais uma chamada para acordarmos, que reacendeu a discussão sobre a doença mental e a necessidade de criar um diálogo público mais forte para ajudar aqueles que sofrem de doença mental.

O que torna a sua morte tão difícil de compreender é não só a nossa admiração por ele como um gênio da comédia, mas também que aparentemente tinha tudo – sucesso e os recursos para lutar contra a doença.

A verdade inconveniente, porém, é que as doenças mentais podem ser fatais. Essas doenças atualmente matam tanto quanto os grandes assassinos. Temos de continuar a investir em pesquisa para desenvolver tratamentos novos e mais eficazes para pessoas com depressão e outras doenças mentais. A meta deve ser um futuro em que não haja vidas perdidas como resultado do suicídio.

De acordo com a Organização Mundial de Saúde, em média cerca de 3.000 pessoas tiram suas vidas diariamente e para cada pessoa que comete suicídio, 20 ou mais tentam acabar com suas vidas.

Como podemos ajudar a diminuir essas estatísticas:

  1. Aumentando a conscientização de que o suicídio é evitável
  2. Melhorando a educação sobre o suicídio
  3. Divulgando informações sobre o conhecimento do suicídio
  4. Diminuindo a estigmatização em relação ao suicídio
  5. Depressão, o mal da modernidade

Com as mudanças ocorridas no estilo de vida dos brasileiros, os transtornos psicológicos e psiquiátricos passaram a ocupar lugar de destaque entre os problemas de saúde pública do país.

Dados de uma série de estudos apontam as doenças mentais como responsáveis pela maior parte de anos de qualidade de vida perdidos devido a doenças crônicas. Os maiores vilões são a depressão, psicoses e dependência de álcool. Em seguida, estão as doenças cardiovasculares.

Segundo o estudo, entre 18% a 30% da população brasileira apresentam sintomas de depressão. A mortalidade por demência aumentou de 1,8 mil por 100 mil habitantes em 1996 para 7 por mil habitantes em 2007.

De acordo com a Associação Brasileira de Psiquiatria, em cada 100 pessoas com depressão grave, 15 cometem suicídio. Dados de 2013 divulgados pela OMS (Organização Mundial da Saúde) indicam que mais de 350 milhões de pessoas no planeta têm depressão – o que representa 5% da população mundial. De acordo com estudo publicado na revista científica PLOS Medicine, no ano passado, ela é a segunda maior causa de invalidez, no mundo, ficando atrás apenas das dores nas costas. Cerca de 20% das pessoas já tiveram, têm ou ainda terão a doença ao longo da vida.

Uma das principais dificuldades enfrentadas por quem sofre de depressão é entender e fazer com que os outros entendam que ela não é “frescura”, mas uma doença, como hipertensão ou diabetes.

Isso significa que precisa ser tratada por um psiquiatra, capaz de orientar e, se necessário, medicar adequadamente o paciente. A psicoterapia em conjunto pode ser muito útil, mas o tratamento médico é essencial.

Apesar de todo estigma existente em torno da depressão, ela é uma das principais doenças que acometem a humanidade atualmente. Dados de 2013 divulgados pela OMS (Organização Mundial da Saúde) indicam que mais de 350 milhões de pessoas no planeta têm depressão – o que representa 5% da população mundial. De acordo com estudo publicado na revista científica PLOS Medicine, no ano passado, ela é a segunda maior causa de invalidez, no mundo, ficando atrás apenas das dores nas costas.

A depressão não escolhe faixa social. Estima-se que 8% das pessoas adultas em todo o planeta sofram de depressão e que 10 a 20% ainda serão vítimas desta doença em algum momento de suas vidas. “A depressão, ao contrário do que muitos acreditavam, não é um estado de espírito ou humor, mas sim uma doença que se manifesta de diversas maneiras, podendo levar à morte. Considerado um problema psicossomático, com sintomas físicos evidentes, é uma enfermidade causada por alterações químicas no cérebro, que afetam as emoções podendo também prejudicar a capacidade mental. O cérebro é formado por inúmeras células que se comunicam entre si, através de substâncias químicas chamadas neurotransmissoras. No caso das pessoas com depressão, as substâncias químicas deixam de circular como deveriam”, explica Dr. Leonard Verea, psiquiatra.


Sintomas da Depressão

Os sintomas mais comuns são tristeza, desânimo, insônia, apatia, falta de alegria, de apetite (algumas pessoas têm aumento de sono e de apetite), falta de desejo sexual, preguiça – até mesmo de fazer atividades simples como tomar banho, assistir televisão ou ler jornal. Ou seja, nos quadros depressivos há uma diminuição geral do nível de energia da pessoa. Quando um indivíduo enfrenta um processo de depressão, ocorrem pensamentos pessimistas e repetitivos. O doente perde o interesse por coisas que gostava de fazer ou por pessoas com as quais apreciava conviver. O paciente depressivo não consegue se concentrar em uma leitura ou guardar na memória o que leu. Muitas vezes aparecem ataques de ansiedade, acompanhados por sudorese, palpitações e tremor. Os pensamentos obsessivos também são comuns: a pessoa sabe que eles não fazem sentido, mas não consegue tirá-los da cabeça.

Outra característica é que problemas que antes eram resolvidos com facilidade se tornam tarefas pesadas e difíceis. Situações que anteriormente eram agradáveis perdem a graça. Alguns casos desta doença se caracterizam por dores vagas e difusas pelo corpo ou na cabeça. O intestino pode ficar preso, a boca amarga, a pele envelhecida, os cabelos e as unhas fracas e sem brilho. Muitas pessoas não conseguem nem sentir alegria nem tristeza (“sensação da falta de sentimentos”). A vítima da depressão ainda pode ficar com “ideias fixas”. As principais são as seguintes: achar a situação financeira ruim e sem perspectiva, além de sentir-se culpado por coisas que fez e que não fez no passado.

A maior parte dos casos de depressão surge em consequência de um acontecimento negativo: a perda de uma pessoa querida; uma demissão sem aviso prévio; um abandono traumático; nestes casos chamamos de forma reativa da doença. Quando não é possível identificar facilmente a origem do problema, chamamos de quadro endógeno: é a forma mais grave; a única para a qual o uso de medicamentos é necessário. Uma outra diferenciação é entre a depressão monopolar e a bipolar, conhecidas antigamente como maníaco-depressiva. Na depressão monopolar, o humor se mantém negativo e é presente uma diminuição psicomotora com alterações do ciclo sono-vigilia. Já os que são atingidos pela forma bipolar alternam longos períodos de desespero com momentos de euforia incontrolável, nos quais a hiperatividade é muito intensa, junto com uma exagerada consideração de si mesmo.

O psiquiatra, Dr. Leonard Verea, respondeu algumas perguntas sobre o tema.

Como funciona no organismo o processo de depressão?

Depressão não é tristeza. É uma doença que precisa de tratamento. Cerca de 18% das pessoas vão apresentar depressão em algum período da vida. Quando o quadro se instala, se não for tratado convenientemente, costuma levar vários meses para desaparecer. A depressão é uma patologia que atinge os mediadores bioquímicos envolvidos na condução dos estímulos através dos neurônios, que possuem prolongamentos que não se tocam. Entre um e outro, há um espaço livre chamado sinapse, absolutamente fundamental para a troca de substâncias químicas, íons e correntes elétricas. Essas substâncias trocadas na transmissão do impulso entre os neurônios, os neurotransmissores, vão modular a passagem do estímulo representado por sinais elétricos. Na depressão, há um comprometimento dos neurotransmissores responsáveis pelo funcionamento normal do cérebro.


Podemos dizer que existem casos de depressão oriundos de fatores genéticos ou de caráter mais fisiológico? Quando o processo depressivo é desencadeado por fatores externos (um luto ou perda de emprego, por exemplo), seus efeitos são os mesmos no organismo?

Precisamos definir que há diferença entre tristeza e depressão. Tristeza é um fenômeno normal que faz parte da vida psicológica de todos nós. Depressão é um estado patológico. Existem diferenças bem demarcadas entre uma e outra. A tristeza tem duração limitada, enquanto a depressão costuma afetar a pessoa por mais de 15 dias. Podemos estar tristes porque alguma coisa negativa aconteceu em nossas vidas, mas isso não nos impede de reagir com alegria se algum estímulo agradável surgir. Além disso, a depressão provoca sintomas como desânimo e falta de interesse por qualquer atividade. É um transtorno que pode vir acompanhado ou não do sentimento de tristeza e prejudica o funcionamento psicológico, social e de trabalho. A pessoa deprimida ou com predisposição, às vezes com uma chateação corriqueira, pode ser nocauteada e cair num abismo sem fim ou então, ser mais resistente, mas numa crise brava também vai pro abismo. Por que é assim mesmo que se sente um deprimido. Uma pessoa sem perspectiva de vida, sem amor próprio, pessimista, desanimada que não vê graça em nada a não ser no seu isolamento e luto em vida. Na realidade este desânimo perante a vida não é falta de atitude e sim um mau funcionamento cerebral. Porque embora muitas pessoas acham que depressão é frescura, ela é uma doença, um desequilíbrio bioquímico dos neurotransmissores (mensageiros químicos do impulso nervoso) responsáveis pelo controle do estado de humor.


Por que os medicamentos antidepressivos causam efeitos colaterais como insônia, perda ou ganho de peso e disfunções sexuais?

A dopamina e serotonina são neurotransmissores que estão muito associados ao estado afetivo das pessoas. A serotonina está ligada a sentimentos de bem estar ou mal estar. Ela regula o humor, o sono, a atividade sexual, o apetite, o ritmo cardíaco, as funções neuroendócrinas, temperatura corporal, sensibilidade à dor, atividade motora e funções cognitivas. A dopamina está associada à sensação de euforia, entusiasmo e prazer. Esta regula o controle do movimento, da percepção e da motivação. Na depressão a dopamina, serotonia e outras substâncias químicas como a noradrenalina, ácido gama-aminobutírico e aceticolina ficam alterados, desorganizando o estado de humor, as emoções, capacidade mental e o bem estar geral do organismo. Por isso é preciso acompanhamento médico.


Quais as diferenças entre os antidepressivos IMAO, tricíclicos, ISRS e ANES? O que leva um psiquiatra a receitar um deles em detrimento de outro?

O tratamento vai depender de cada caso, por isso o psiquiatra quem escolhe. O local de ação das drogas antidepressivas será nos sistemas noradrenérgico o serotoninérgico do Sistema Límbico. Os antidepressivos atuam no sentido de tentar normalizar as sinapses neuronais a partir do aumento de neurotransmissores (principalmente serotonina – 5-HT -, e noradrenalina ou norepinefrima – NE – e da dopamina – DA) disponível nas fendas sinápticas, bloqueando a recaptação dos mesmos pela membrana pré-sináptica. As drogas tricíclicas, as drogas tetracíclicas estreitamente relacionadas e os inibidores da monoaminoxidade (IMAOs) são as drogas antidepressivas clássicas. Os antidepressivos variam em seus efeitos farmacológicos. Esta variabilidade é a base para que pacientes individuais respondam a um antidepressivo, mas não a outros. A variação é também a base para os diferentes efeitos colaterais. A maioria dos clínicos escolhe uma droga tricíclica ou tetracíclica ou um dos ISRSs como primeira opção no tratamento do transtorno depressivo. Os tricíclicos e os tetracíclicos são escolhidos em virtude do nível de familiaridade com essas drogas mais antigas, além de serem mais baratas. Os ISRS são escolhidos porque são muito melhor tolerados. Podemos dividir os antidepressivos em 4 grupos: Antidepressivos Tricíclicos (ADT); Inibidores da Monoaminaoxidase (IMAO); novos antidepressivos; Inibidores Seletivos de Recaptação da Serotonina.


Podemos esperar para o futuro medicamentos mais eficazes e com menor número de efeitos colaterais? A depressão poderia, assim, sair de cena?

Sim, acredito que novas formas e abordagens ganhem mais espaço para o tratamento. A boa notícia para quem sofre de depressão é que há inúmeras formas de tratamento. Os medicamentos antidepressivos são uma opção. Entretanto, uma excelente alternativa de cura para quem não quer se submeter às dosagens medicamentosas é o tratamento por meio da medicina psicossomática e hipnose dinâmica. Este transtorno não é apenas psíquico, também é físico na medida que há uma baixa na produção de serotonina, o hormônio que proporciona as sensações de prazer no corpo, sendo as vezes necessário medicamentos. Isso acontece na medida em que métodos de psicoterapia não são suficientes ou ter procurado um profissional depois de um certo tempo do sintoma se manifestar. A hipnose, possibilita diferentes articulações do pensar, o que pode proporcionar mudanças específicas, onde o indivíduo ao vir pensando de uma certa forma, um pensamento viciado, ou mesmo contagiado pelo problema da depressão, pode modificá-lo. O paciente precisa ver transformada suas formas de perceber a si mesmo, o mundo e seu próprio futuro; Do negativo para o positivo. Com a hipnose, é possível coloca-lo em diferentes situações no presente e futuro, onde possa se imaginar já com uma nova realidade. Ver-se em diferentes situações: em casa, com familiares, amigos, no trabalho, na rua ou no clube. O interessante é cobrir o máximo de possibilidades onde o paciente possa se ver nas mudanças de hábitos, pensamentos, comportamentos e nas suas diferentes interações humanas. Na hipnose, também tem-se a possibilidade do transe, que é um pensamento direcionado, este proporcionará com ainda maior facilidade a mudança. Desta forma, pode-se ajudar o paciente a reaprender ou mesmo aprender novas formas de reagir frente aos diferentes estímulos, que até então eram de apatia. Como mais gosto, mais prazer, voltando à sua vida normal, conquistando um viver mais equilibrado.

Acompanhem o trabalho de Samantha:



Samantha Feehily: Jornalista, Pós graduada em Comunicação Empresarial e Institucional, Pós graduada em Jornalismo Digital, Pós graduação em Jornalismo Contemporâneo e Mestre em Comunicação. Diretora da Projeta Comunicação Integrada. Foi editora chefe em uma Agência de Comunicação, responsável pelo conteúdo de jornais internos e de e-mail marketing. Foi professora universitária do Centro Universitário Nove de Julho (UNINOVE). Acumula mais de 14 anos de experiência em assessoria de comunicação. É responsável pelo site Arrasa, gata!, um portal de beleza e é apresentadora do Programa Estressadas, um programa de comportamento feminino.
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