10 de ago. de 2015

Monstractor – Recycling Thrash (CD)

Die Hard Records
Nota 9,5/10,0



Por Marcos "Big Daddy" Garcia



Existem bandas que, mesmo sem buscar caminhos inovadores para sua música, são tão ferozes e com sangue nos olhos que chegam a assustar os mais incautos. E tem bandas que chegam apresentando tantas qualidades que realmente se torna impossível não os aplaudir, pois merecem. E um dos grupos mais insanos em termos de Metal extremo em nosso país é, sem sombra de dúvidas, o Sasquatch de Resende (RJ) MONSTRACTOR, que acaba de lançar o seu primeiro álbum, o furioso “Recycling Thrash”. 

Imaginem uma fusão bem equilibrada de um MOTORHEAD Thrash Metal com aspectos pesados do Doom/Stoner, e alguns toques dos momentos mais ferozes do PANTERA. Está chegando perto do que o MONSTRACTOR faz, mas tal comparação é bem simplista para falar dessa insana mistura de vocais urrados em timbres quase naturais (mas com boa dicção), guitarras azedas e com timbres fortes e pesados, baixo e bateria com muito peso e técnica nas medidas certas. E isso tudo soa como um estouro de um bando de mamutes por nossos ouvidos, mas encorpado e com certas sutilezas que tornam sua música requintada em meio ao caos furioso que ela se propõe a ser.

Monstractor
Gravado, mixado e masterizado no Mr. Som Studio, em São Paulo, ao ver os nomes de Marcello Pompeu e Heros Trench na produção, não é de estranhar que o CD soe tão bem aos nossos ouvidos. A gravação é abrasiva, pesada e azeda, uma especialidade deles dois, mas ao mesmo tempo, a clareza sonora necessária para que o trabalho possa ser absorvido completamente. É sujo, pesado, agressivo, mas com muita qualidade e clareza.

Ora mais veloz, ora mais cadenciado e azedo, o trio mostra um trabalho que prima, antes de tudo, pelo conjunto. A técnica individual de cada uma (que é de bom nível) fica sempre atrás do mais importa: uma música vibrante, bruta e cheia de energia o tempo todo, com bons arranjos, refrões ótimos e mudanças de andamento.

O CD abre com a feroz “Take the Suffering”, com andamento em tempo médio, bastante pesada e cheia de energia, com vocais crus vociferados com garra, fora uma dinâmica ótima nos riffs. Em “Bermuda Triangle”, também com andamento não tão veloz, mas cheia de energia, vemos algumas belas levadas de bateria, um solo de guitarra ótimo. Em “Monsterman”, uma canção empolgante e com o groove sensacional, temos vocais insanos e belos corais. “Lycanthrone”, um pouco mais acelerada, com alguns ritmos quebrados bem colocados, se sobressaem as bases de guitarras muito pesadas e abrasivas, basicamente os mesmos elementos que ouvimos na mais espontânea “Whiskey Hangover”, onde um ranço de MOTORHEAD é bem tênue, bem como surgem algumas partes mais brutais. “Brazilian Roswell” (música do primeiro lyric video do CD) também é bruta, mas com algumas melodias por baixo da pancadaria (a letra foca a questão dos ETs de Varginha, MG, em 1996, e faz um paralelo com o Incidente de Roswell, EUA, em 1947), e “Death by Walrus” tem um jeitão mais anos 90 de se fazer Thrash Metal, ambas com guitarras fazendo ótimos riffs e solos. “Immortal Blood”, faixa do vídeo oficial de divulgação, é uma pedrada, com ótimo trabalho de baixo e bateria, andamentos alternados, e uma ferocidade ímpar, e em “Vultures”, mais peso abrasivo, Thrash Metal modernoso com momentos opressivos e densos, e vocais ferozes ótimos, muito bem assentados sob a base instrumental da banda, além de excelente presença de riffs e solos caprichados. Uma dinâmica linda entre bases que lembram uma fusão do Thrash com groove dos 90 com belas construções em termos de riffs melodiosos dos 80 é o que temos em “Corrosive Envy”, uma das grandes músicas do CD, mostrando uma técnica sóbria em uma música fantástica, enquanto “The 4th Kind” mostra o grupo com uma canção em que estão misturados momentos mais dinâmicos e outros cadenciados. Fechando o CD, temos “The Brood”, um cover do EXPANTOR (antiga banda do baixista/vocalista Christian Klein), que é bem pesada e pesada, mas com certo toque do METALLICA do “Black Album”, ou seja, pesado e melodioso, mas com arranjos Thrash não tão exagerados na técnica.

Assim, o MONSTRACTOR se mostra uma banda digna de aplausos e elogios, pois apesar de não estar revolucionando o Metal, tem personalidade definida, e uma música excelente que realmente nos ganha pelos ouvidos.



Músicas:

01. Take the Suffering
02. Bermuda Triangle 
03. Monsterman
04. Lycanthrone
05. Whiskey Hangover
06. Brazilian Roswell
07. Death by Walrus
08. Immortal Blood
09. Vultures
10. Corrosive Envy
11. The 4th Kind
12. The Brood


Banda:

Christian "Sabbertooth" Klein – Vocais, baixo 
Monsterman – Guitarras 
Demétrios Maia – Bateria 


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