5 de mar. de 2015

Mortifera - IV: Sanctii Tristhess (CD)

Nota 9,5/10,0

Por Marcos "Big Daddy" Garcia



A simplicidade musical pode ser uma das maiores aliadas de bandas de quase todas as vertentes musicais no Metal. Sempre, já que quanto mais uma banda procurar colocar notas em uma canção, na maioria dos casos, ela acaba soando artificial, mecânica e sem vida. Nada contra a técnica instrumental, longe disso, mas ela não deve ser a tônica de um trabalho. A tônica deve vir, antes de tudo, do que o coração do músico está dizendo. Somente assim existe a sinergia entre banda e fãs. E um ótimo exemplo é do grupo francês MORTIFERA, que mais uma vez abrilhanta as páginas do Metal Samsara com seu mais recente trabalho, intitulado “IV: Sanctii Tristhess” e que a Drakkar Brasil colocou no mercado nacional, tornando o acesso ao disco mais fácil.

Antes de tudo, é preciso dizer que Noktu (vocalista/guitarrista/líder da banda, que já foi músico ao vivo do MÜTIILATION e membro do CELESTIA, entre outros trabalhos) realmente sabe o que quer de seu trabalho. Em “IV: Sanctii Tristhess”, vemos a banda dando um passo adiante de “Bleüu de Morte”, mas sem fugir daquele Black Metal climático e opressivo de antes. Sim, por ser francês, vemos que o CD tem aquela forte aura das bandas da LLN, mas não se precipitem: o MORTIFERA tem muito a oferecer aqui, já que o trabalho soa mais limpo e pesado que antes, com o acréscimo de arranjos mais melodiosos (só um pouco, nada exagerado), o que reforça ainda mais a aura sinistra do álbum. De resto, ótimos vocais rasgados, riffs excelentes, baixo e bateria em uma cozinha rítmica mais simples, mas pesada e aparecendo nas horas devidas. Resultado: um CD excelente!

Noktu (Mortifera)
Um pouco mais polido que antes em termos de qualidade sonora, “IV: Sanctii Tristhess” mostra que se pode chegar a certo nível de limpeza sem permitir que a aura soturna das bandas que fazem um trabalho com fortes raízes na SWOBM seja perdida ou mutilada. Longe disso, ainda temos a chamada “sujeira obrigatória” do gênero, mas a audição dos instrumentos está bem melhor. A arte, por sua vez, deu uma melhorada estética, embora a banda ainda use o tradicional preto, branco e cinza, que ficou ótimo para ambientar a música.

Como dito, o trabalho musical continua simples como antes, mas um pouco mais refinado, já que os arranjos um pouco mais melódicos deram certo requinte que caiu como uma luva para o grupo. E sem contar que o trabalho ganhou mais diversidade musical.

O álbum abre com a instrumental “Bouffé par les Vers et la Pourriture”, que já mostra um trabalho um pouco mais melodioso e técnico, especialmente em termos de bateria, seguida pela soturna “Mors Illuminat”, com algumas passagens mais trabalhadas inexistentes antes, mas que a banda soube aproveitar muito bem, em especial os vocais, que estão excelentes. E os mesmos elementos estão presentes em “Pendulum Mortis”, momentos que beiram o Hard’n’Heavy, mas sem destoar do restante, com riffs excelentes e arranjos de teclados muito bons. “Poésie des Oubliés” tem um feeling mais depressivo em seu início, com acordes solitários de guitarra limpa, mas depois, ganha mais peso e agressividade, reforçando o clima extremamente soturno da canção. Com uma pegada mais rápida em seu início, “Mémoire Sacrifiée” é bruta, mas cheia de momentos mais atmosféricos e outros mais limpos (com guitarras limpas mais uma vez e teclados), enquanto “Les Lamentations des Défunts” é azeda e depressiva, com um trabalho ótimo das guitarras e bateria. Esboçando um trabalho mais tradicional em termos de Black Metal, temos “En Milieu de Nuit”, que oscila entre momentos velozes e outros mais lentos, sendo mais simples e direta como a banda costuma fazer, com baixo e vocais roubando a cena. O início de “L'Empire des Blattes” lembra a influência Hardcore/Punk que o Black Metal tem em sua essência, mas mesmo assim, ainda surgem riffs de guitarra mais trabalhados, mas sem romper a estética mais seca e bruta da canção, e “Hora Laceratum” volta a ter arranjos mais acessíveis, voltados ao Pos-Punk de raiz, mas sem que a aura Black Metal do grupo, com alguns riffs fantásticos e vocais bem ríspidos. A soturna “Profana” segue-se bem cadenciada e fúnebre, com momentos limpos essenciais, evidenciando mais uma vez as guitarras e os vocais, deixando para a suave e introspectiva “Sanctii Luminiih Mortifera”, uma instrumental mais atmosférica, a responsabilidade de dar o toque final e encerrar esse réquiem de primeira linha.

Um disco essencial para fãs de Black Metal mais cru, mas acreditamos que um bom fã de Metal extremo não vai abrir mão dele.




Músicas:

01. Bouffé par les Vers et la Pourriture 
02. Mors Illuminat 
03. Pendulum Mortis 
04. Poésie des Oubliés 
05. Mémoire Sacrifiée 
06. Les Lamentations des Défunts 
07. En Milieu de Nuit 
08. L’Empire des Blattes 
09. Hora Laceratum 
10. Profana 
11. Sanctii Luminiih Mortifera


Banda:

Noktu – Vocais, guitarras
Spektor – Baixo, guitarras
A.E. – Bateria 


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