3 de fev. de 2015

A Preciosidade do Metal – Entrevista com o KATTAH

Por Marcos “Big Daddy” Garcia


O Metal brasileiro tem se mostrado extremamente fértil nos últimos anos, e podemos citar muitas bandas que, em 2014, lançaram trabalhos sublimes e inovadores. Um deles, que se diga de passagem, é o quarteto curitibano KATTAH, que em “Lapis Lazuli”, mostrou muito de seu potencial em criar uma música híbrida entre a cultura do Oriente Médio e a força do Heavy/Power Metal.

Aproveitando a deixa que a Furia Music Productions nos concedeu, fomos lá bater um papo com Victor Brochard, guitarrista da banda, e saber um pouquinho mais sobre eles.



BD: Antes de tudo, queremos agradecer demais pela entrevista. E de primeira, de onde surgiu o nome KATTAH, e o que ele significa? E como surgiu a idéia de uma música híbrida entre aspectos musicais do Oriente Médio e Heavy/Power Metal?

Victor Brochard: Olá, será um grande prazer responder essa entrevista. O nome surgiu pelo Roni quando ele nos apresentou a proposta de unir um pouco da cultura árabe ao som da banda, que era um Heavy Metal em busca de diferenciais. Um dos motivos por eu ter gostado bastante da idéia, foi que eu e o Roni somos descendentes de árabes. O nome representa um personagem que retrata a maneira de ser das pessoas, da ilusão à realidade.


BD: Hoje em dia, vocês podem ser considerados veteranos na cena nacional, pois chegaram ao segundo disco no ano passado, “Lapis Lazuli”. Quais seriam as principais diferenças, estilísticas, líricas ou outras entre ele e “Eyes of Sand”, seu primeiro álbum?

Victor: No “Lapis Lazuli” chegamos mais próximos da personalidade que gostaríamos de ter, alcançamos outro nível de maturidade e fomos bem mais detalhistas e cuidadosos com o resultado final. Além disso, fomos bem mais ousados que no “Eyes of Sand”, experimentando bastante sem medo de errar.


BD: Este autor, quando estava escrevendo a resenha de “Lapis Lazuli”, procurou informações sobre a rocha em si. Como foi que ela se tornou o conceito do CD novo? 

Victor: O álbum foi batizado pelo Roni baseado em nossa idéia de falar sobre mistérios da humanidade no álbum. Outra caracteristica importante é que ela era considerada a pedra dos deuses pelos egípcios e suas cores remetem ao planeta Terra e ao universo, casando perfeitamente com a proposta do álbum.


BD: Ainda sobre o “Lapis Lazuli”, como foi o processo de composição e criação das músicas? Houve uma certa pressão (de vocês ou mesmo da gravadora) em relação ao que fizeram em “Eyes of Sand”?

Victor: Na verdade não, já havíamos começado a trabalhar no álbum há um bom tempo atrás, foi um processo muito trabalhoso, mas sem pressão, sendo até muito agradável.


BD: Em termos de recepção de crítica, “Lapis Lazuli” recebeu ótimos reviews no Brasil e no exterior. Mas em termos de público? Como os fãs têm recebido o CD? Já possuem algum feedback do exterior nesse sentido?

Victor: A receptividade do público tem sido muito boa, ainda melhor do que o “Eyes of Sand” tanto no Brasil quanto no exterior, realmente ficamos muito felizes com a ótima aceitação do público e crítica.


BD: Outra: Roy Z e Andy Haller foram escolhidos para trabalhar na produção do CD. Como foi trabalhar com eles? Acreditam que eles conseguiram extrair o melhor de vocês? E existe uma vontade ou possibilidade de encontrá-los mais uma vez no futuro?

Victor: Foi uma grande experiência e uma grande aula. Com certeza eles conseguiram extrair o melhor de cada músico e mais importante de tudo, a personalidade da banda. Com certeza voltaremos a trabalhar com eles no futuro.


BD: Falando de shows: disco na prateleira significa shows acontecendo. Sabemos que a cena curitibana é muito boa, então, como estão sendo os shows para a promoção do CD? Já existe algum plano para shows no Velho Continente?

Victor: Ano passado realizamos poucos shows devido a ser um ano de muita burocracia e bastidores. Esse ano pretendemos sair em tour pelo Brasil e mundo e já estamos negociando datas.


BD: Hora de assuntos polêmicos: “Lapis Lazuli” é um excelente trabalho, mas chega em um momento crítico, com os downloads ilegais devastando a venda de CDs físicos. Acreditam que isso pode afetá-los de alguma forma? Acham que existe alguma saída para isso?

Victor: Com certeza, isso afeta bastante o ganho com vendas de CDs. De certa forma a música mudou muito dessas ultimas décadas e agora as músicas servem praticamente como uma forma de marketing para trazer público para shows. A saída talvez seja tentar utilizar essa pirataria e internet como forma de chegar mais rápido à potenciais fãs, apesar de haverem milhares de bandas aparecendo a cada dia, por isso um diferencial sempre é importante para se destacar.


BD: Essa pergunta é um pouco triste: no atual momento, após o atentado terrorista de Paris, à revista Chalie Hebdo, existem fortes sentimentos anti-Islã varrendo o velho mundo, já exaltado por conta da guerra entre Israel e Palestina. Qual a opinião de vocês sobre isso? E acreditam que isso pode prejudicá-los de alguma forma, já que a existência de elementos árabes em sua música poderia ser mal interpretada por radicais? Como uma banda de Metal, vocês acreditam que sua música possa levar os fãs a se compreenderem melhor e buscarem uma saída pacífica dessa situação tão triste?

Victor: É uma situação muito triste para o mundo mesmo, o radicalismo é algo extremamente prejudicial em qualquer área e essas pessoas utilizam a religião como desculpa para ganhar poder e gerar medo. Acredito que isso não influenciaria negativamente em nossa música pelo motivo de que existem organizações criminosas específicas que agem e são de conhecimento de grande parte das pessoas. Além disso o público do Metal costuma ser formado por pessoas inteligentes, que sabem distinguir a intenção da música. Acredito que a música é uma das melhores formas de união entre os povos do mundo, principalmente o Heavy Metal, e quando pensamos em unir diversas culturas em nossa música, estávamos pensando em unir povos, acabar com as barreiras e preconceitos que separam países de culturas diferentes e força-los a enxergar que somos todos iguais.


BD: Outra polêmica: no Metal brasileiro, temos muito divisionismo, aquela velha mania de “só tal subvertente presta”, mas vocês já mostraram ter certo ecleticismo. Não seria melhor se os fãs aprendessem a se respeitar mutuamente, e a conviver com todas essas diferenças estilísticas? Mesmo porque, no fundo, não saber viver as diferenças acaba nos remetendo a questão anterior...

Victor: Concordo totalmente, existem pessoas que não gostam de determinado estilo e pessoas de são ignorantes. O Metal é um só, as vezes sendo mais agressivo, as vezes mais melódico e esse é o motivo de ser um dos melhores estilos de música. 


BD: Outra das boas: para a promoção de “Eyes of Sand”, vocês soltaram um vídeo oficial para “I Believe”. Existe a idéia (em mente ou em andamento) para o lançamento de um novo vídeo oficial para promover “Lapis Lazuli”?

Victor: Existe sim e até já gravamos o vídeo clipe da música “Vetus Espiritus” que deverá ser lançado em breve. Também pretendemos gravar mais vídeos nesse disco assim que possível.


BD: Voltando a falar de Metal: tudo bem que “Lapis Lazuli” é um disco bem recente, mas a banda já possui uma idéia, mesmo que vaga, do que o futuro pode trazer em termos musicais? Se “Lapis Lazuli” é um passo adiante de vocês, o que o próximo passo pode representar?

Victor: Já até começamos a trabalhar em algo, com certeza o próximo álbum deverá trazer um trabalho com ainda mais nossa personalidade e talvez mais rápido e agressivo. Acredito que o nosso próximo disco deverá ser o nosso ápice de maturidade e personalidade juntando tudo o que aprendemos com os discos e turnês anteriores.


BD: Agradecemos muito pela entrevista, e o espaço é todo de vocês.

Victor: Eu é quem agradeço pela ótima entrevista e gostaria de convidar a todos aqueles que ainda não conhecem a banda e ouvirem o nosso novo álbum “Lapis Lazuli” e a acompanhar a banda nos seguintes links:


Contactar a banda no e-mail: contact.kattah@gmail.com

Grande Abraço!


Ouçam as faixas Apocalypse e “The Hidden Voice”, de Lapiz Lazuli:


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