7 de jan. de 2015

Varathron – Untrodden Corridors of Hades (CD)

Nota 10,0/10,0

Por Marcos "Big Daddy" Garcia



Quando se fala no Black Metal grego, temos a clara idéia de uma sonoridade muito bem definida, e definitivamente particular das bandas daquela região. Na época da explosão do Black Metal mundialmente, as escolas grega e norueguesa tinham diferenciais sonoros bem claros. E duas bandas foram seminais para a definição do termo “Black Metal Grego”, e são o ROTTING CHRIST e o VARATHRON. E este último retorna à carga com seu mais recente disco, “Untrodden Corridors of Hades”, um disco impecável e obrigatório para fãs de Black Metal, e para fãs de Metal extremo em geral (mas se você for fã de Metal mesmo, vai jogar os rótulos no lixo, vai ouvir e amar o disco).

Quem conhecesse o trabalho do quinteto de longa data (no Brasil, eles foram popularizados na época do Split com o NECROMANTIA, “The Black Arts/The Everlasting Sins”), não irá se decepcionar, pois a banda segue a mesma linha de seu início de carreira, ou seja, um Black Metal soturno e bem climático, focado no peso e em criar uma música mais atmosférica, com melodias bem encaixadas que tornam o clima do CD ainda mais opressivo, mas com um peso cavalar e bom nível técnico. Os vocais de Stefan Necroabyssious (único membro remanescente da formação original) estão na mesma linha de sempre, ou seja, mais focados em um tipo de urro que fica entre o natural e o gutural, bem particular dele (mas mesmo assim, alguns vocais mais rasgados surgem aqui e ali). As guitarras de Achilleas C. e Sotiris estão ainda mais entrosadas do que vimos no CD anterior (“Stygian Forces of Scorn”, de 2009), ótimas nos riffs e solos, e a base rítmica de Stratos Kountouras (baixo, o mais novato do grupo, pois entrou em 2012) e Haris (bateria) é de um peso avassalador, boa técnica e que guia os andamentos da banda sem problemas. E isso tudo, mais a presença de alguns teclados muito bem encaixados, criam uma obra de arte em termos de Black Metal.

A produção sonora do CD foi feita por Kostas Kalampokas (que ainda mixou, fez toda a engenharia sonora e ainda acompanhou as gravações), e a masterização é de Tom Kvålsvoll (que já tocou no DØDHEIMSGARD, além de ter feito masterizações de trabalhos do BORKNAGAR, 1349, ARCTURUS, EMPEROR e outros). Não tinha com dar errado: sonoridade soturna e pesada, mas como em “Stygian Forces of Scorn”, existe uma qualidade de sonorização ótima, permitindo compreender o que cada instrumento está fazendo. Ou seja: pesado, sujo e soturno, mas com ótima qualidade. Já a arte, um trabalho de Mark Riddick (que fez artes para CEPHALIC CARNAGE, KULT OV AZAZEL, MYSTIFIER, THE BLACK DAHLIA MURDER, entre tantos outros), não é algo extremamente trabalhado, mas retrata perfeitamente tanto o conteúdo sonoro quanto a essência musical do VARATHRON.

Varathron
O quinteto grego se mantém fiel ao que sempre fez: Black Metal cru, pesado e soturno, mas como já haviam feito no CD anterior, a banda mostra uma perceptível evolução em muitos aspectos, especialmente no tocante aos arranjos musicais (que ganharam uma sofisticação maior) e dinâmica das músicas. E acreditem: aqui, onde a banda aposta em canções mais longas (a menor, “Death Chant”, tem 5:51 de duração), isso é imprescindível. E eles mostram que sabem o que fazem, já que o CD parece durar muito menos, e nos leva a ouvir muitas e muitas vezes.

Introduzida por sinistros cantos gregorianos, batidas tribais um fundo de teclados bem soturnos, vem a primeira faixa, “Kabalistic Invocation of Solomon”, uma faixa azeda e opressiva até os ossos, com vocais muitos bem encaixados sobre a base instrumental perfeita (basta reparar nas belas incursões de guitarras). “Realm of Obscure” é igualmente opressiva, mas um pouco mais dinâmica nos andamentos e com mais velocidade, com excelentes arranjos nas guitarras, baixo e bateria com peso absurdo e teclados sinistros, mais urros causticantes. Em “Arcane Conjuring”, temos outra faixa com um andamento extremante azedo e diversificado, onde os vocais e o baixo se destacam bastante. Imaginem se o bom e velho BLACK SABBATH, da fase do “Vol IV” tocasse Black Metal, e teria a clara idéia do que é “Leprocious Lord” em termos de música, onde a técnica musical da banda chega a ser surpreendente. Mais tradicional em termos de Black Metal grego é “The Bright Trapezium”, uma faixa mais agressiva e ríspida, onde a bateria se destaca bastante (uso de bumbos duplos muito bem encaixados e bem velozes em alguns momentos), e os vocais mostram como podem ser versáteis. Em “Death Chant”, o clima é realmente soturno, com um trabalho ótimo das guitarras, que estão perfeitas, e o a base rítmica mais uma vez se sobressai muito. E fechando com chave de aço, vem “Delve into the Past”, onde o quinteto mostra que realmente não está preso ao passado, com uma dinâmica de andamentos fantástica, mais riffs absurdamente insanos e vocais com excelentes mudanças de timbres.

Aos que reclamam que “o Black Metal já não é mais o mesmo”, acho bom darem uma ouvida com calma em Untrodden Corridors of Hades”, e vão sentir nos ouvidos o porquê o Black Metal grego competia pela preferência dos fãs por volta de 1994 e 1995. E que poderão ver ao vivo, já que em Julho, a banda fará um show único no Brasil, em São Paulo.

O VARATHRON sempre faz a diferença, e ponto final!




Músicas:

01. Kabalistic Invocation of Solomon
02. Realm of Obscure
03. Arcane Conjuring
04. Leprocious Lord
05. The Bright Trapezium
06. Death Chant
07. Delve into the Past


Banda: 

Stefan Necroabyssious – Vocais 
Achilleas C. – Guitarras 
Sotiris – Guitarras 
Stratos Kountouras – Baixo 
Haris – Bateria 


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