24 de out. de 2014

Resenha: Crown of Scorn - Agenda 21 (CD)

Nota 9,0/10,0

Por Marcos "Big Daddy" Garcia


Bruto, agressivo e moderno. É assim que as bandas das novas gerações do Thrash Metal tem se apresentado cada vez mais, buscando elementos pontuais no Death Metal e técnicas de gravação que privilegiem o lado mais rasgado e opressivo do estilo. Assim, a renovação ocorre, novos e ótimos trabalhos surgem, evitando que o estilo mais uma vez caia no ostracismo. E como é bom ver uma banda nova fazendo um trabalho notável, como o grupo norte-americano CROWN OF SCORN, que estréia em alto nível com "Agenda 21".

Trazendo um brasileiro em sua formação (o vocalista Allyan), o quarteto mostra que não está para brincadeiras, conseguindo aliar a técnica e pegada do Thrash Metal moderno (mais precisamente, do Sludge Metal) com a brutalidade do Death Metal, e mantendo a mistura homogênea (o que é bem difícil), e soando agressivo e moderno, oscilando entre a velocidade e a cadência sem pudor algum, e sangrando com vida e personalidade. 

Ótimo trabalho dos vocais (que sabem variar entre o rasgado e o gutural, e mesmo alguns momentos limpos, com propriedade), riffs de guitarra pesados e muito bem arranjados (um dos pontos fortes do grupo), cozinha rítmica perfeita, com baixo e bateria entrosados e esbanjando técnica e peso. Se o estilo não é inovador, a banda o é, dando sua contribuição ao gênero.

Com produção sonora do próprio grupo e de Steve MaCabe (este último ainda mixou o CD), mais a masterização de Simon Tozzoli, podemos dizer que a sonoridade está bem abrasiva e cheia, com timbres agressivos muito bem escolhidos, e cada um dos instrumentos está perceptível sem problemas, mesmo que debaixo de tanta brutalidade. A arte é algo de belíssimo, mais ao ver o nome de Gustavo Sazes, artista brasileiro bastante conhecido no meio, não é de se estranhar ser algo tão bem feito, transpirando a agressividade do grupo.

Crown of Scorn
Obviamente que um trabalho com tamanha força exige um bom tempo nos processos de composição e arranjo de cada música, e a banda mostra que soube o que fazer, criando arranjos ora intrincados e com quebradas rítmicas bem encaixadas, bem como alguns toque nas guitarras colocam os riffs em evidência. Mas não enganem: como um todo, a banda é ótima, e suas composições mostram força e espontaneidade.

Oito faixas de puro amassa-crânio muito bem niveladas compõem o CD. "Depopulation Process" começa rápida, mas logo o andamento diminui mostra a velocidade e ganha peso, sob uma colcha de excelentes riffs e vocais muito bem postados (as variações de tons são excelentes), em uma faixa bem ganchuda. Os mesmos elementos se encontram presentes em "Bullets First", mas com alguns momentos mais Sludge, e o azedume que nos vem é extremo, ainda mais com as guitarras usando de riffs abusivamente ganchudos. Ainda mais cadenciada e brutal é "Corporatocracy", mas surgem algumas melodias interessantes nas guitarras, mas o destaque principal é mesmo o fantástico trabalho de baixo e bateria. Em "Earth is no More", o peso e a rispidez são absurdos, os tempos ótimos e algumas mudanças rítmicas são perfeitas. "Sustainable Developments" é outo peso-pesado bem Sludge, azeda e raçuda, com bela dinâmica nos arranjos de guitarra. Guitarras com whah-whah e phaser introduzem a opressiva "Blood for Currency", algo de insano de tão bruta, mais uma vez com um trabalho ótimo das guitarras. Em "...or Be Destroyed", já existem alguns momentos um pouquinhos mais rápidos, onde a faixa ganha empolgação e os vocais se apresentam muito bem assentados sobre a parte instrumental. Fechando, temos a mais grooveada e intensa "Crown of Scorn", com uma sonoridade bem opressiva e transpirando arranjos de Groove muito bem pensados sob a agressividade bruta do grupo.

E para os curiosos, Agenda 21 nada mais é do que um documento surgido na época da Eco 92, no Rio de Janeiro, que estabelece a importância de cada país ter comprometimento sobre a responsabilidade e necessidade de ações visando a criação de políticas sócio-ambientais, para que os recursos naturais fosse preservados. E 22 anos depois, vemos que muito pouco foi feito. É em torno desse tema que giram as letras do trabalho do grupo.

Excelente revelação em termos de Metal, e vale a aquisição. Ainda mais que a Black Legion Productions colocou no mercado.



Tracklist:

01. Depopulation Process
02. Bullets First
03. Corporatocracy
04. Earth is no More
05. Sustainable Developments
06. Blood for Currency
07. ...or Be Destroyed
08. Crown of Scorn


Banda:

Allyan Lang Lopes - Vocais
Don Dumond - Guitarras
Rob Cadrain - Guitarras
Steve Grayson - Baixo
Alan Alsheimer - Bateria


Contatos:

Reverbnation
Black Legion Productions (selo brasileiro e assessoria de imprensa)

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