31 de jul. de 2014

Jogando as Cartas da Incerteza com muito Hard Rock - Entrevista com o POP JAVALI



Por Marcos “Big Daddy” Garcia


O nome do Power Trio POP JAVALI , vindo de Americana (SP), se torna mais e mais  uma certeza na cena brasileira, fruto de muitos anos de lutas e esforços e de dois discos fortes, onde a mistura do Hard Rock limpo e pesado com elementos de Rock Progressivo e Rock setentista anda angariando fãs e mais fãs, ainda mais tendo em seu currículo shows como “Opening Act” de bandas como DEEP PURPLE, URIAH HEEP, UGLY KID JOE, além de dividirem palco com nomes como ANDRÉ MATOS e NANDO REIS. Mas sua música pode ser conferida em seus dois trabalhos, o “No Reason to Be Lonely” e o mais recente, o ótimo “The Game of Fate”.

Aproveitando o bom momento, fomos bater um papo com Marcelo Frizzo, baixista e vocalista do trio, e conhecer um pouco mais da história, planos, conquistas e metas do POP JAVALI.


BD: Primeiramente, permita-me agradecer pela oportunidade de entrevistar você, e vamos começar com a mais clichê das perguntas: como foi que surgiu a idéia de forma o POP JAVALI, ainda no início dos anos 90? E como o estilo musical de vocês foi se formando? E um fato que sempre me chamou a atenção é que vocês são de Americana, uma cidade com história no Metal nacional (Nota: foi em Americana que o VULCANO gravou o famoso “Live”, disco que lançou a banda para o sucesso no underground brasileiro), e por falar nisso, a distância até a cidade de São Paulo não chega a ser um inconveniente?

Marcelo Frizzo: Eu que agradeço e destaco que é uma honra falar contigo!

Eu, o Loks e o Jaéder já nos conhecíamos, pois todos tocavam na mesma cidade, somos “nativos”. Como havia um respeito mútuo entre os músicos e uma vontade comum de fazer um som autoral, decidimos juntar as forças, em princípio por hobby. Mas logo de cara deu pra perceber que não daria pra ficar só na brincadeira, pois desde o início sentimos uma energia bem positiva, uma química muito acima da média, não só pela musicalidade dos integrantes, mas principalmente por uma amizade que é sincera e sólida até hoje. Começamos, ali, uma “família”. A música foi uma conseqüência.

Hard Rock com pitadas de Progressivo: era isso o que a gente queria logo de cara, e continuamos fazendo até hoje. Nos mantemos fiéis à proposta por mais de 20 anos, e isso nos alegra e nos realiza.  

Levamos 1 (uma) hora e 15 minutos pra ir até a capital, isso não atrapalha em nada. É mais rápido do que atravessar a marginal de uma ponta a outra (risos).


Marcelo Frizzo

BD: A mais comum de todas as perguntas: o nome POP JAVALI é bem incomum, então, de onde ele surgiu? Existe uma idéia principal, ou motivação para ele? 

MF: Sim.

A idéia principal é que a banda precisava ter um nome (risos)... e as primeiras sugestões foram terríveis...

Então decidimos que seria assim: escrevemos várias palavras aleatoriamente em pedacinhos de papel e colocamos tudo pra sorteio. Ficou decidido que seriam duas palavras... e teríamos que aceitá-las sem questionar... Saíram “JAVALI”  e “POP”.  E é assim até hoje. Nós gostamos muito! Por fim, não queríamos um nome em inglês, mas em português pra destacar que a banda é brasileira.

A motivação você mesmo destacou na sua pergunta: É BEM INCOMUM, e isso é ótimo! Não tem chance de se achar dois iguais  no Google (risos). 

Jaéder Menossi

BD: Uma coisa um pouco incomum é que levaram quase 20 anos para gravarem seu primeiro disco, “No Reason to be Lonely”. Qual, ou quais, seriam os fatores que influenciaram nessa demora? 

MF: Falta de grana, em primeiro lugar (risos). Isso é mais do que comum nesse meio...

Mas também tivemos outros projetos musicais e pessoais ao longo dos anos o que acabou por atrasar o primeiro CD.

E isso foi excelente!  Tínhamos mais de 50 composições em 20 anos de carreira. Em 2007 fizemos um EP Demo, com 6 músicas. Colocamos na internet e chamou a atenção da Oversonic Music, gravadora que decidiu lançar o “No Reason...”.

Então escolhemos as 10 músicas que achávamos as melhores. 

O resultado foi ótimo, ficamos bastante satisfeitos. 


BD: E por falar em “No Reason to be Lonely”, como foi a repercussão do álbum? Chegou a ser o que esperavam?

Superou as expectativas em termos de repercussão de mídia, crítica e público.

Éramos totalmente desconhecidos, mais uma banda do interior disputando o concorrido espaço underground. Com “No Reason...”, tivemos projeção com clipe na MTV, VH1, pintaram shows de grande porte, e a imprensa especializada se manifestou de forma muito favorável. O disco rendeu muitos elogios.

Waldemar "Loks" Rasmussen

BD: Bem, vocês abriram shows de bandas bem famosas para promover o “No Reason to be Lonely”, como o UGLY KID JOE e o DEEP PURPLE. Como foi fazer esses shows? E imagino que o coração bateu mais forte quando estiveram perto do PURPLE, pois de certa forma, é uma referência sonora para muitas bandas como o POP JAVALI...

“Opening acts” são eventos poderosos em termos de projetar o nome da banda. Nesses eventos há uma grande concentração de público e quase a totalidade ainda não conhece a ‘banda de abertura’. Então é algo que funciona muito bem pra divulgar o trabalho.

Tocar com o “PURPLE”, no mesmo palco, passar o dia todo com os caras nos camarins foi um sonho. Cresci ouvindo os caras, sempre foram meus ídolos! Foi um evento daqueles em que a ficha demora pra cair (risos). 

E os caras o “UKJ” esbanjaram simpatia conosco. Muito gente boa!

Experiências únicas!


BD: Falando de “The Game of Fate”, qual foi o conceito por trás do nome? E quais seriam as maiores diferenças entre ele e “No Reason to be Lonely” em sua visão?

MF: “The Game of Fate”  mostra o amadurecimento da banda. 

Evidentemente que não somos mais “jovens rebeldes”, mas senhores que sabem o que querem em termos de música. O tempo é – realmente – senhor da razão, a despeito do chavão (risos). O fato é que nós queremos deixar uma mensagem, além do entretenimento natural que a música promove. 

Neste sentido, queremos compartilhar um sentimento de que você faz o seu DESTINO; não pode culpar os outros quando algo dá errado, nem mesmo ficar esperando por eles pra que algo dê certo. Está tudo em você mesmo. Esse é o  segredo do JOGO ! 


BD: Em “The Game of Fate”, vocês trabalharam no estúdio Sonata 84, e trabalharam com dois produtores de peso, os irmãos Ivan e Andria Busic do DR. SIN. Como foi trabalhar com essa dupla? E digamos de passagem: o trabalho deles na produção, mixagem e masterização foi fantástico! E invejo vocês, que já os encontraram, enquanto eu ainda não (risos).

MF: Nunca escondemos que temos uma forte influência do DR SIN.

E os caras são nossos amigos pessoais. Isso facilitou demais o entrosamento entre as partes.

O trabalho primoroso deles deu o requinte ao CD do jeito que esperávamos. Trabalhar com os Busic, além de ser uma honra, é agradável demais. A gente deu risada juntos o tempo todo!


BD: Ao ouvirmos as músicas de “The Game of Fate”, fica evidente que vocês se esforçaram bastante em termos de composição, mas ao mesmo tempo, a diferença de tempo entre ele e “No Reason to be Lonely” é de dois anos. Como foi o processo de composição das 11 faixas? E por um acaso existem aquelas famosas “guardadas” que vão estar em um futuro EP ou coletânea?

MF:No Reason...”  trazia composições feitas entre 1992 e 2011. “The Game...”  traz 11 compostas entre 2012 e 2013. Foram peças feitas “sob medida” para este CD.

Felizmente, temos uma boa facilidade de processo criativo e grande entrosamento na hora de compor.

Já temos material para o próximo CD (essa notícia é um “furo”, em primeira mão pra você). E temos muita música “antiga” que (quem sabe) podem ser aproveitadas.


BD: Um aspecto que chama bastante a atenção é que as letras parecem ser um ponto de preocupação de vocês, pois “The Game of Fate”, “Healing no More”, “Free Men”, e mesmo “A Friend that I’ve Lost” mostram uma necessidade de expressar idéias, não apenas de dar uma estrutura vocal. Isso é fato? E de onde vem as inspirações para as letras?

MF: É fato. Como eu disse, temos interesse total em passar uma mensagem.

Por isso escolhemos o idioma inglês (apesar do nome da banda ser em português), por ser o “primeiro idioma” e universalmente falado.

A inspiração vem das  “coisas da vida”. Nada complexo, filosófico. Mas que tenha otimismo, positivismo. 


BD: A pergunta pode parecer meio alienígena, mas o tema corrido dos famosos downloads ilegais chega a afetar vocês de alguma forma? O espaço é de vocês.

MF: O artista (pelo menos o de pequeno e médio porte) não vive mais de venda de discos, isso é sabido.

De certa forma, os ‘downloads’ funcionam como um propulsor de divulgação do trabalho. Se o público gosta da  banda, vai acabar indo ao show, que é onde o artista consegue “ganhar seu pão”.

Mas nada substitui a cópia física do trabalho em mãos, poder ver o encarte, com fotos, letras, ficha técnica... sem contar que a sonoridade do CD é muito melhor e mais fiel ao que foi gravado no estúdio do que qualquer download.

Infelizmente, pouca gente atualmente valoriza a arte musical com essa visão. A “virtualidade das coisas” é uma característica contemporânea e me parece – pelo menos hoje – algo de difícil reversibilidade...


BD: Vocês soltaram há um tempo o vídeo de divulgação de “Healing no More”, uma das melhores faixas do CD (por favor, sem desmerecer as outra, longe disso). Como foi a escolha justamente dela para vídeo promocional? E como foi o alcance dela?

MF: "Healing no More" foi a primeira música que disponibilizamos pra audição na internet, bem antes do lançamento do CD. E obteve um êxito surpreendente. Quando começamos a fazer os primeiros shows de lançamento observamos que já tinha gente cantando o refrão junto. Nosso amigo e produtor Luciano Piantonni também teve participação decisiva na escolha, sugerindo-a para o clipe. 

Ela tem um potencial radiofônico, bem “oitentista”. Nos dias atuais em que os veículos de massa insistem em perder - e fazer perder - a referência musical,  um pouco de “Old School” faz um bem danado! (risos)


BD: Bem, hoje vemos uma sociedade ao nosso redor que, de certa forma, é fútil. Vemos pessoas usando e trapaceando outras, ao mesmo tempo em que a desonestidade e corrupção parecem devorar a todos nós. E um dos pontos mais citados como problemático é justamente a desestruturação e mesmo irresponsabilidade que as famílias andam tendo com suas crianças e jovens. E como falamos em Rock’n’Roll, lidamos muito com a rebeldia. Como vocês, que são um pouco mais experientes, lidam com isso? Mesmo porque acho que alguns de vocês já devem ser pais...

MF: Tenho dois filhos, o Jaéder tem 2 filhos e 1 neto, o Loks tem 3 filhos e 3 netos .... kkkk! Sim, somos experiente!!! (risos)

Nós temos consciência de nossa responsabilidade enquanto “entertainers”, por isso nos esforçamos por resgatar os bons momentos do Rock e suas vertentes na intenção de deixar um legado pra gerações futuras.

Vejo bandas com jovens de 25 anos hoje em dia que fazem uma música de gosto muito questionável... e ainda se arriscam a rotular como “rock”... Mas não é culpa deles. Pare pra pensar: que música eles ouviam há uns vinte anos, quando estavam formando seus primeiros conceitos e tendo seus primeiros contatos com a música?

Eu creio muito na geração dos adolescentes de hoje! Eles foram “salvos”, por volta do ano 2000,  pelo vídeo game, o “Guitar Hero” que  ensinou o que é rock pra eles enquanto ainda eram crianças! Surgirão bons músicos daqui há alguns anos fazendo muito rock do jeito que deve ser feito!


BD: Voltando a falar de música: vocês, este ano, foram “opening act” para o URIAH HEEP em São Paulo. Inclusive, o Rock Expresss elogiou bastante o show de vocês. Quais as melhores lembranças do show? Acreditam que ganharam mais alguns fãs nele?

MF: Sem dúvida a melhor parte dos “openings” é a divulgação pra um público que, em sua maioria, ainda não conhece seu trabalho. Podemos medir as reações com os comentários, elogios e pelos novos amigos que fazemos nas redes sociais. Isso é muito gratificante!


BD: E por falar em shows, a quantas andam os shows de vocês? Já existem propostas e planos para saírem de SP e irem a outros estados? Espero futuramente vê-los aqui no RJ!

MF: A “copa do mundo” atrapalhou muito. Agora estamos retomando com tudo.

Paraná, Minas e Rio estão no roteiro. Em breve teremos a divulgação das datas!

BD: Ainda é cedo, mas a quantas anda a repercussão e vendas de “The Game of Fate”? E já existem planos para um sucessor dele?

MF: Sites e revistas especializados tem elogiado muito o álbum. Os fãs também gostaram demais e até aqueles que já acompanham a banda há 20 anos se surpreenderam com o trabalho. Tem sido muito bom!

Nossos planos são, principalmente, termos saúde física, mental e espiritual pra mais 22 anos de Rock (risos) e neste tempo todo fazer vários novos álbuns com a mesma disposição!


BD: Bem, é isso. Agradeço demais pela paciência, e o espaço é de vocês para sua mensagem final.

MF: Galera, bom humor é sinal de inteligência! Portanto, seja inteligente e bem humorado o tempo todo! 

Mantenha o astral lá em cima e – pode acreditar – o Rock’n’Roll é uma das melhores fórmulas pra isso!

Big Daddy, sabes que tens nosso respeito e admiração! Muitíssimo obrigado pelo espaço! Saúde!

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